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Central de vagas em hopitais vive drama diário
Sérgio Saraiva
Da Redaçao
12/02/2000 | 19:44
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A luta por vagas em hospitais da regiao ou da Grande Sao Paulo nem sempre é vitoriosa. Dos 168 pacientes que necessitaram recorrer, em janeiro, ao Plantao Controlador, uma espécie de central de vagas que funciona na Dir-II (Direçao Regional de Saúde), dez nao conseguiram atendimento. Um deles morreu.

Os números frios pouco contam do cotidiano difícil que envolve um grande grupo de pessoas: paciente, familiares, médicos e profissionais que fizeram o primeiro atendimento e os que ganham a missao ingrata de conseguir uma vaga em hospitais. A situaçao é pior nos meses que nao sao de férias, quando a demanda média mensal chega a 250 solicitaçoes. Raramente o atendimento sai na hora.

O plantao controlador da DIR-II, no entanto, nao é uma central de vagas, como exigiu o ministro José Serra há duas semanas. Os funcionários operam suas buscas por telefone e nao sabem de antemao, via computador, onde estao as vagas disponíveis. Tudo depende de agilidade e insistência.

Um caso exemplar é o do menino L.G.M., 7 anos, que caiu de uma laje na manha de quarta-feira, ao tentar pegar a bola de futebol que estava no teto de sua casa no bairro Boa Vista, em Sao Bernardo. Na queda, ele bateu a cabeça e teve traumatismo crânioencefálico grave. O risco de vida foi amenizado quando ele foi atendido no Pronto-Socorro pouco depois.

Mas nao bastava. Os médicos de plantao desconfiaram que a lesao era grave e pediram a conduçao de L. para um hospital que tivesse uma equipe de neurologistas e condiçoes de realizar uma cirurgia de urgência. A solicitaçao pela vaga caiu nas maos do médico Edmundo Souza Júnior. Imediatamente ele começou a buscar, por telefone, uma vaga nos hospitais de referência em neurologia na Grande Sao Paulo. Inutilmente.

O caso foi parcialmente solucionado 29 horas depois, de maneira improvisada. Por decisao da Secretaria de Saúde, o menino foi transferido para a UTI adulta do Hospital Municipal Universitário, onde foi adaptado um leito infantil. A emergência contou com um exame de tomografia computadorizada recém-inaugurado na rede pública na cidade. Essas providências evitaram o agravamento de seu quadro clínico.

Mas isso ainda nao bastava para salvar-lhe a vida. A neurologista de plantao, na posse dos exames, concluiu que ele poderia precisar de uma cirurgia de urgência. Somente na manha de sexta-feira, por volta do meio-dia, os médicos conseguiram sua transferência para o Hospital Jabaquara, onde ficou internado em observaçao.

Dramas como esse podem ser vividos por pacientes com necessidade de atendimento urgente. Na regiao, praticamente nao há leitos públicos para pessoas com infarto, acidentadas, vítimas de violência ou queimados.




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