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Arte pública ganha cadastro
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
31/03/2001 | 16:31
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São Caetano acaba de iniciar um projeto que pretende relacionar e identificar – com dados como autor, técnica, data e histórico – as obras de arte e monumentos existentes no município. A iniciativa é da Fundação Pró-Memória, instituição que, ao lado da Fundarte (Fundação das Artes), movimenta a política cultural pública na cidade. Trata-se de um bom exemplo que serve até para as outras cidades da região.

O primeiro passo foi a visita que a presidente da Fundação Pró-Memória, a filósofa e historiadora Sônia Maria Franco Xavier, 50 anos, fez na quinta-feira passada a uma série de obras assinadas no município pelo artista plástico baiano Sinval Correia Soares, 74 anos. Sinval morou cerca de 35 anos em São Caetano e elaborou diversas obras na cidade. Atualmente, o artista vive em Salvador (BA), de onde viajou para acompanhar o roteiro de Sônia.

“Queremos levantar e sinalizar todos os bens culturais de São Caetano, com o objetivo de que as pessoas conheçam essas obras. Essa iniciativa tem um lado educativo: é preciso que os indivíduos saibam do que se tratam os trabalhos, quem os fez e quando foram feitos. Assim eles poderão gostar e zelar por eles. Afinal, ninguém aprecia o que não conhece”, diz Sônia Xavier.

Segundo ela, essa identificação não estará voltada apenas às obras ou monumentos públicos. “Todo e qualquer espaço da cidade que tenha bens artísticos será procurado. Obras de arte devem ser consideradas como bens culturais da cidade, independente de onde estejam, seja em locais públicos ou privados”, afirma.

O próprio Sinval assina obras em áreas privadas do município, como um painel em um edifício comercial na rua Manoel Coelho, 500. “Para esse trabalho, usei resíduos industriais, tijolos e reboco. O uso de alvenaria partiu da minha idéia de complementar o projeto arquitetônico do prédio. Esse painel acabou de ser restaurado”, diz Sinval.

O tema dessa obra é abstrato e revela uma série de formas geométricas sobrepostas que criam diferentes níveis de relevo. Vale dizer que o painel tem um colorido intenso. “Um trabalho desse porte, em um local de grande trânsito de pessoas como este, não pode deixar de ter uma identificação”, afirma Sônia.

A base para o levantamento e a identificação das obras da cidade já está pronta. “Na especialização que fiz no MAC-USP (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo), em 1994, escrevi o livro Inventário dos Signos dos Logradouros de São Caetano”, fala Sônia. A obra apresenta um levantamento dos símbolos históricos e culturais encontrados em locais públicos do município.

“Porém, de 1994 para cá, São Caetano ganhou novas obras. Precisamos fazer uma atualização do livro, mas ele já é um bom ponto de partida”, diz Sônia. Para Sinval, a iniciativa da Fundação Pró-Memória só merece elogios: “É um método para educar a comunidade em relação à arte. E não é só a minha obra que pretendem identificar. O objetivo da instituição abrange todos os campos das artes plásticas. O projeto contribui para o aprimoramento da cultura do povo”, conclui.

Em Santo André, o artista assina o mural que decora a fachada do prédio do Diário e também o mural no hall de entrada do edifício. Mais informações sobre a obra do artista podem ser obtidas no site www.sinvalsoares.hpg.com.br.




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