No período em que ficou no comando da Secretaria de Educação de São Bernardo, de 2009 a 2015, Cleuza Repulho (PT) acumulou suspeitas de mau uso de dinheiro público. Substituída no ano passado, após figurar como ré em série de denúncias na Justiça, a antiga secretária vê surgir agora vestígio robusto contra sua gestão.

Em licitação aberta para adquirir uniforme a alunos da rede municipal, o sucessor de Cleuza, Paulo Dias (PT), gastou R$ 10,2 milhões. O montante é 60% menor do que o despendido pela antiga secretária de Educação em compra similar realizada em 2009. Como isso pode ser possível se, no intervalo entre os processos, a inflação registrada pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) superou a casa dos 38%?

Difícil compreender o que houve, já que nem Cleuza nem Dias se dispõem a explicar preços tão díspares para a aquisição de produtos idênticos. Se a diferença fosse para mais, a dupla poderia argumentar a reposição da inflação, mas para menos?

A redução de mais de R$ 15 milhões entre uma licitação e outra, embora decorrido espaço de seis anos, é indício fortíssimo de que algo errado ocorreu no emprego do dinheiro público pela ex-secretária de Educação de São Bernardo – que, nunca é demais lembrar, já é ré por formação de quadrilha em processo que apura superfaturamento na compra de tênis, mochilas e brinquedos escolares.

É evidente que indícios não são provas, mas eles fornecem o combustível necessário para que as devidas investigações sejam feitas por quem de direito, especialmente Ministério Público e vereadores.

Impressionado com números tão divergentes, o vereador de oposição ao prefeito Luiz Marinho (PT), Julinho Fuzari (PPS), um dos mais atuantes da Câmara de São Bernardo, estuda incluir as atas da licitação conduzida por Paulo Dias em processo de má utilização de verba pública que corre na 2ª Vara Criminal do município.

O caminho é exatamente este: investigar, investigar e investigar. Onde há fumaça, há fogo.