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Seqüestro de crianças é nova tática de quadrilhas
Mário César de Mauro
Do Diário do Grande ABC
10/11/2001 | 19:07
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A Polícia Civil no Grande ABC instaurou somente este ano cerca de 30 inquéritos policiais de extorsão mediante seqüestro. O número é ainda maior se for levado em consideração outros casos ocorridos na região que estão sob investigação da Deas (Delegacia Especializada Anti-Seqüestro), subordinada à DAS (Divisão Anti-Seqüestro), na capital, além de casos que não seriam informados à polícia.

Esse tipo de crime é o que mais cresce no Estado, segundo estatísticas da Secretaria de Segurança Pública. Até a semana passada, pelo menos 210 casos haviam sido registrados em São Paulo, sendo que 70% das ocorrências aconteceram na zona Sul da capital, incluindo as áreas de divisa com São Bernardo, Diadema e São Caetano.

Na semana passada e retrasada, pelo menos cinco reféns seqüestrados no Grande ABC foram liberados com ou sem pagamento de resgate; somente as cidades de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não tiveram casos de seqüestro registrados.

O Diário tentou ao longo da semana ouvir o secretário de Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, mas não obteve resposta no pedido.

Segundo a polícia, duas facções estariam em ação no Grande ABC e no Estado de São Paulo. Uma sediada nos bairros de Americanópolis, Vila Clara, favela Pantanal e Cidade Ademar, zona Sul da capital, é a quadrilha de Alessandro Lima da Silva, o Bingolau, e de Edson da Silva Fraga, o Dinho, mortos em confronto com a polícia na rodovia Piaçaguera-Guarujá na semana retrasada; a outra, sediada na região da favela Heliópolis, também na capital.

“Não existem muitas quadrilhas em atuação. Elas ingressam no Grande ABC para capturar as vítimas e levam-nas para cativeiros normalmente localizados em favelas da zona Sul da capital”, disse um delegado.

Com a morte de Bingolau e de Dinho, os negócios teriam passado para as mãos de Marcio Lima da Silva, irmão de Bingolau, e de Alexandre Sá Barreto Carlos, o Fula. Pelo menos 16 seqüestros, sendo seis em Diadema e dez em São Bernardo, são atribuídos ao grupo. Marcio mostrou audácia ao fuzilar uma viatura da Polícia Militar de Diadema na noite da última quarta-feira e balear o cabo Rinaldo Grigoli, 39, do 24º Batalhão.

“Os criminosos em apenas alguns casos fazem um levantamento sobre a vítima. Na maioria das vezes, escolhem de maneira aleatória, conforme algum tipo de ostentação. Mas pode ser um critério ilusório, já que um carro novo muitas vezes é financiado”, disse outro delegado.

Nos últimos casos de seqüestros, crianças com menos de 10 anos, normalmente filhos de empresários, estão sendo levadas pelos seqüestradores no lugar dos adultos. Pelo menos quatro casos foram registrados em São Bernardo, Santo André e Diadema. A tática visa obter dinheiro mais rapidamente explorando o desespero dos pais. “O abalo dentro da família é muito maior quando se trata de crianças. O importante é que as famílias sempre procurem a polícia, para que haja repressão ao crime”, afirmou o delegado.




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