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Presidente da Fundaçao Pollock-Krasner virá ao Brasil
Do Diário do Grande ABC
19/04/2000 | 16:29
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Charles Bergman, atual presidente da Fundaçao Pollock-Krasner, organizaçao com sede em Nova York que apoiou - somente nos últimos quatro anos - 1.812 artistas em 57 países, fornecendo bolsas ou subsídios para a realizaçao de trabalhos em períodos de até um ano, chega ao Brasil dia 4 de maio.

Bergman vem a convite da Fundaçao Vitae para conhecer museus, instituiçoes e jovens artistas brasileiros que possam eventualmente vir a receber bolsas da Fundaçao Pollock-Krasner, fundada pela viúva de Jackson Pollock (1902-1956), o mestre do expressionismo abstrato americano. No dia 5, às 14h30, Bergman fará uma palestra no Museu de Arte Moderna de Sao Paulo sobre a questao do apoio às artes.

O Brasil nao é um ilustre desconhecido para a Fundaçao Pollock, que já está chegando aos 50 anos de atividades no incentivo da cultura pelo mundo. No ano passado, a fundaçao já havia selecionado quatro artistas brasileiros para receber sua bolsa - Marcelo Cipis e Valdir Sarubbi (de Sao Paulo) e Helmut Batista e Fernando Leite (do Rio). Um dos trabalhos brasileiros destacados recentemente pela fundaçao e que integra o seu acervo é uma obra de Renata Pedrosa, "Entre Elas", de 1996.

"Quero conhecer um pouco a produçao brasileira no campo das artes visuais e talvez descobrir o que faz sua arte tao específica no mundo", disse Bergman, em entrevista à reportagem. Ele esclarece que os critérios para a aquisiçao da bolsa Pollock estao baseados em duas vertentes: o mérito artístico e a necessidade financeira. "O tamanho e o peso das bolsas sao determinadas pela circunstância individual do artista", afirma.

Charles Bergman sucedeu em fevereiro do ano passado, no comando da fundaçao, ao executivo Gerald Dickler - que havia sido o advogado e braço direito da viúva de Pollock, Lee Krasner, principal artífice da instituiçao e sua criadora. Psiquiatra renomado, integrante do New York Medical College, ele assessorou três presidentes americanos (Nixon, Ford e Carter) na área da saúde mental.

A fundaçao recebe anualmente centenas de pedidos de apoio e bolsas, diz Bergman. A fundaçao tenta, segundo ele, atender aos pedidos de maior relevância e os casos "críticos", já que os incentivos governamentais - tanto os federais quanto os estaduais e municipais - têm sido barbaramente reduzidos nos últimos anos. A Fundaçao Pollock investiu US$ 24 milhoes em bolsas recentemente (ela existe desde 1985).

Por intermédio de um acordo com a State University of New York, a fundaçao também promove conferências, exposiçoes e pesquisas com estudantes e apreciadores de arte. Iniciativa da universidade fez com que o governo americano, no ano passado, editasse um selo postal com a estampa de Jackson Pollock como nome de ponta do expressionismo abstrato.

A seleçao de artistas da bolsa Pollock é feita por um comitê de seleçao anônimo, a partir de slides, filmes e dossiês entregues pela direçao da fundaçao. O comitê, de constituiçao rotativa, é composto por especialistas em arte contemporânea. Jackson Pollock é uma figura controversa das artes visuais americanas. No ano passado, o Museu de Arte Moderna de Nova York montou uma grande retrospectiva com sua obra, incluindo três grandes pinturas murais de 1950, de propriedade do Metropolitan Museum.

"Tem sido um clichê da crítica de arte recente assinalar os danos que o trabalho de Lee Krasner sofreu por causa do seu casamento com o poderoso mito Pollock", diz Eugene Thaw, executivo da fundaçao. Ainda assim, ele afirma que, após a morte da artista em 1984, a obra da mulher de Pollock também acabou sendo reavaliada, principalmente após uma retrospectiva organizada por Robert Hobbs e o grupo Independent Curators of America.

Thaw também assinala que o filme de Ed Harris sobre o pintor Jackson Pollock pode ser ainda uma possibilidade para que a obra do artista seja conhecida de uma grande parcela do público internacional. "Nós esperamos que o resultado possa ser razoavelmente verdadeiro, nao apelativo e que possa ajudar as pessoas que nunca entraram num museu de arte a reconhecer a luta épica de rompimento artístico desse homem, a qual teve um grande custo pessoal para ele e as pessoas em torno dele", comentou.

De acordo com Gina Gomes Machado, gerente de projetos da Fundaçao Vitae, a iniciativa de convidar Charles Bergman para vir ao Brasil deve-se ao fato de que o programa de bolsas da instituiçao americana é pouco conhecido no País. A Fundaçao Vitae é uma das principais associaçoes do gênero a manter um projeto constante de apoio às artes no País (além de educaçao e promoçao social), a Bolsa Vitae.

Ao longo dos últimos 13 anos, as Bolsas Vitae patrocinaram a realizaçao de 294 projetos em oito áreas que se alternam a cada concurso - nos anos pares, vao para as áreas de literatura, música, teatro e dança; nos anos ímpares, para artes visuais, fotografia, cinema e vídeo.




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