Economia Titulo Risco de crédito
Agência Fitch rebaixa nota e tira grau de investimento do Brasil

Decisão pode gerar efeitos negativos na já crítica economia do País

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
17/12/2015 | 07:06
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Mais uma agência internacional de classificação de risco de crédito retirou o investment grade, ou seja, o selo de bom pagador que conferia ao Brasil. Desta vez foi a Fitch que reduziu a nota do País de BBB- para BB+. Em setembro, outra grande agência, a Standard & Poor’s, já havia retirado o grau de investimento do governo brasileiro. A decisão era esperada pelos economistas, por causa da conjuntura de crises econômica e política, mas o novo rebaixamento deverá gerar efeitos negativos na situação já difícil da economia brasileira. Porém, os analistas se dividem em relação ao impacto.

“Uma parte disso já estava precificada (ou seja, incorporada aos preços)”, avalia o professor Ricardo Balistiero, que é coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia. Ele acrescenta que pode haver alguma fuga de capital do mercado acionário, já que grandes investidores institucionais estrangeiros, como fundos de pensão, fundos de investimento e seguradoras têm em seus regulamentos a proibição de investir dinheiro em mercados chamados grau de especulação, ou com risco de calote – em que agora o Brasil ingressou. “Metade do dinheiro na Bovespa é capital estrangeiro, mas não dá para mensurar quanto é de institucionais”, diz. “Mas quem tinha de sair, eu acho que já saiu, não acredito em grande alta do dólar por isso”, afirma.

Outro impacto poderá ser no custo de financiamento, que deverá ficar mais caro para empresas brasileiras tanto no Exterior quanto no mercado interno, segundo o economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini. Ele cita que, como o risco do governo aumenta, os bancos vão cobrar mais para a compra de títulos públicos, encarecendo o crédito. Para Balistiero, porém, os juros devem subir, mas por outro motivo: há a expectativa de novas altas da Selic (a taxa básica da economia), por parte do Banco Central, para conter a inflação.

INFRAESTRUTURA - Pode haver também impacto no investimento direto externo (voltado a atividades duradouras no País), já que para empresas estrangeiras pode ficar mais difícil captar recursos para aportar no Brasil, avalia Agostini. Isso é preocupante, já que o País depende de recursos externos para grandes obras de infraestrutura, de logística (portos, aeroportos etc) e na área de energia, por exemplo. “O governo não tem competência para investir, porque gasta mal o dinheiro”, disse.

“O País sofre com a falta de caixa para investir em infraestrutura e terá mais dificuldade em captar recursos lá fora”, assinala o delegado do Corecon (Conselho Regional de Economia) no Grande ABC, Leonel Tinoco. 




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