Carlos Boschetti Titulo Análise
Ainda falando sobre Singapura
Carlos Boschetti
17/12/2015 | 07:24
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Retomando o tema da semana passada – para quem não se lembra, contei sobre nosso encontro com a delegação de executivos de comércio e da embaixada de Singapura –, nesta semana vou falar um pouco sobre uma visão de mercado a respeito da importância desse país que conseguiu tão rapidamente alcançar o desenvolvimento.

Sua localização é privilegiada. Singapura é considerada por muitos uma porta de entrada para o mercado asiático. Muitas empresas multinacionais possuem escritórios lá, mesmo que seja para atuarem em países vizinhos. O aeroporto de Changi opera cerca de 6.600 voos por semana, para 62 países, 256 cidades, recebendo mais de 50 milhões de passageiros ao ano. Estrategicamente posicionada geograficamente, essa nação tem acesso à metade da população mundial num raio de sete horas de voo. Ainda falando de transporte, o país possui mais de 600 portos. Podemos resumir que sua estrutura de logística e deslocamento é muito bem elaborada.

Alguns números são bem interessantes. O país movimenta US$798.2 bilhões em comércio e está entre os cinco parceiros comerciais mais importantes da China, Malásia, União Europeia, Estados Unidos e Indonésia. Algumas outras curiosidades sobre esse tigre asiático:

- Possui aproximadamente 25% das atividades de MRO (Maintenance, Repair and Overhaul) aeroespacial na Ásia Pacífico;

- Tem o porto de transbordo mais movimentado do mundo;

- É um dos maiores exportadores de petróleo e centro de refinaria do mundo, com capacidade para refinar 1.38 milhões de barris;

- Possui 40% do mercado global de manufatura de discos rígidos.

Com pouquíssimos recursos naturais (lembro aqui que o país possui pouco mais de 700 quilômetros quadrados de extensão), em seu pouco mais de meio século como república independente, Singapura desenvolveu processos de ponta em áreas como novas tecnologias para serviços ambientais, serviços de transporte e logística, planejamento urbano e diversos outros.

Agora, a ideia é que exportem cada vez mais esses recursos e know-how para mercados globais.

Enquanto isso, nós aqui no Brasil discutimos temas como o impeachment da presidente, o afastamento de Eduardo Cunha, numa economia recessiva, sem nenhuma perspectiva de melhora em curto prazo. Temos nas mãos recursos naturais, terras, água, uma das maiores biodiversidades do planeta. E somos meros exportadores de commodities.

A questão é: por que com toda nossa riqueza não conseguimos nem de longe passar perto de uma Singapura, mesmo com muito mais tempo de “independência”? Continuamos não investindo em educação, nem em formação, nem em pesquisa, nem em tecnologia. Há décadas debatemos os mesmos assuntos: inflação, dólar, desemprego, enquanto nosso capital intelectual, nossos melhores cientistas, vazam para o Exterior. Nesse cenário, fica difícil vislumbrar quando mudaremos de patamar no cenário mundial e quando teremos realmente melhora social e riqueza aqui dentro.  




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