Economia Titulo Em 2015
Indústria fecha 29,5 mil postos de trabalho na região neste ano

É o mesmo que um corte a cada 16 minutos;
só em novembro, fábricas dispensaram 1.500

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
17/12/2015 | 07:20
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Celso Luiz/DGABC


Já são 29,5 mil postos de trabalho fechados em indústrias do Grande ABC neste ano até novembro, ou uma vaga eliminada a cada 16 minutos nesse período de 11 meses. É o que aponta levantamento realizado pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) junto a empresas associadas à entidade.

Só no mês passado, as fábricas da região reduziram o nível de emprego em mais 1.500 postos, o que significou variação negativa de 0,76% em relação ao total de pessoas empregadas no setor industrial em outubro. Foi o décimo mês seguido de tração no indicador. Nos últimos 12 meses, já são 33,2 mil vagas fechadas.

A continuidade dos cortes já era esperada, por causa da conjuntura econômica, em especial pela forte baixa nas vendas de veículos zero-quilômetro. Nos primeiros 11 meses do ano, a comercialização de carros novos diminuiu 25% em comparação com os números do mesmo período de 2014, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). No caso específico das fábricas de caminhões – que concentram na região cerca de 50% dessa atividade do País –, o mercado caiu ainda mais (46%).

O indicador de emprego referente a novembro é ruim, e as perspectivas para os próximos meses não são animadoras. “A região depende do setor automobilístico, que está muito quieto. Já há montadoras paradas, em férias coletivas, e que só voltam no fim de janeiro”, assinalou o primeiro vice-diretor da regional do Ciesp de Santo André, Norberto Perrella. Ele acrescentou que, normalmente, o ano para muitas empresas só começa depois do Carnaval – que em 2016 cai no dia 9 de fevereiro.

Perrella, que possui fábrica de componentes para o setor automotivo e também para eletrodomésticos, afirma que esse último segmento também sentiu os efeitos da crise. “Caímos 17% a 18% (nessa área)”, disse. Sua empresa, localizada em Mauá, tinha 380 funcionários no início de 2014 e, agora, tem 290. “É catastrófica essa situação, apesar de esperada. E a perspectiva para o primeiro trimestre é de piora”, relatou o diretor titular em exercício da regional do Ciesp de São Bernardo, Mauro Miaguti. “A insegurança (dos empresários com o cenário da economia) é muito grande, não há espaço para investimentos”, disse.

SEM MOBILIZAÇÃO - Para Perrella, a conjuntura não é boa e falta mobilização do Grande ABC para tentar buscar saídas. O Ciesp de Santo André encabeçou, em maio, ato que tinha como foco sensibilizar a sociedade e o governo em relação ao fato de que mais de 3.000 empresas industriais tinham sido dizimadas na região, fechando as portas entre 2010 e 2013. Depois, em agosto, houve manifestação dos empresários do município a fim de pressionar entidades regionais para a instalação de fórum que discutisse alternativas para a superação da crise. No entanto, não houve resultado, segundo ele. “Pelo contrário, estão jogando contra, (os prefeitos) apoiaram a volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira)”, disse.
 




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