Primeira turma foi iniciada em 1969, porém, reconhecimento só veio em 1975, após formatura
Embora tenha sido criado em 1969, o curso de Medicina da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) completa hoje 40 anos de reconhecimento por parte do Conselho Federal de Educação. A conquista foi determinante para a manutenção e crescimento da mais antiga instituição de formação superior para médicos na região, que a partir de 2009 passou a ofertar outros cursos. Hoje com nove graduações, a faculdade planeja oferecer outras três no prazo de dois anos: Biomedicina, Educação Física e Psicologia.
A graduação em Medicina da FMABC tem nota 5 no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) e aprovação de 68% no exame do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), que avalia a formação médica no País. Com os bons resultados, o último vestibular do curso atraiu 51,6 candidatos por vaga.
“O que nos diferencia é ser uma instituição sem fins lucrativos. Tudo é reinvestido em quatro pilares fundamentais: ensino, pesquisa, assistência e extensão”, destaca o diretor da FMABC Adilson Casemiro Pires, formado pela sétima turma da faculdade, cuja implantação só foi possível porque a Prefeitura de Santo André cedeu o espaço para instalação do campus, no bairro Príncipe de Gales, a de São Bernardo disponibilizou o Hospital Anchieta como centro prático e a de São Caetano entrou com recursos.
Somente nos ambulatórios de especialidades instalados no próprio campus da FMABC na década de 1980 são realizados 130 mil atendimentos por ano, quase o equivalente à população de São Caetano, que tem 157 mil habitantes. “Na minha visão, uma faculdade só existe quando o fruto volta para a população. Vivemos em um País desigual e tentamos diminuir as desigualdades através do ensino e da assistência prestada”, considera Pires, que administra orçamento de R$ 70 milhões.
Para o diretor, a instituição é um polo de difusão do conhecimento. “Toda a assistência médica de ponta, as cirurgias cardíacas, os transplantes chegaram ao Grande ABC por meio da faculdade.”
Em 46 anos, a FMABC já formou 5.365 profissionais, sendo 4.247 médicos. Entre eles personalidades como o secretário Estadual da Saúde, David Uip (na segunda turma), o secretário da Saúde de Santo André, Homero Nepomuceno Duarte (13ª turma), e o ex-prefeito de São Caetano José Auricchio Júnior (PSDB), na 14ª turma.
Em 2015, estão matriculados 1.715 alunos na FMABC, sendo 685 no curso de Medicina e os demais nos cursos de Enfermagem, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Farmácia, Nutrição, Gestão em Saúde Ambiental e Tecnologia em Gestão Hospitalar. Uma das metas, ainda sendo avaliada pelo MEC (Ministério da Educação), é ampliar o número de vagas das atuais 110 para 160. A outra é de se tornar centro universitário e ampliar sua autonomia.
Um grito ecoa do campus no Tangará
Ademir Médici
O primeiro vestibular e o início das aulas na Faculdade de Medicina do ABC, em 1969, mostraram que não haveria volta. Mas como não celebrar, felizes, o ato que reconheceu, em 1975, curso inédito não só na região, mas na grande maioria dos municípios brasileiros?
A criação e oficialização da instituição quebraram vários tabus, inclusive de a proximidade com a Capital não ser empecilho para que o Grande ABC pense alto nos mais variados campos de atividade.
Nos anos 1960, quando foi criada, e nos anos 1970, década da sua oficialização, a chamada FUABC (Fundação do ABC) mostrou caminhos, em especial que a região é muito mais que cinturão verde de São Paulo – como o foi antes e depois da criação dos núcleos coloniais na segunda metade do século 19 – nem um formidável parque industrial, motivada pela passagem do trem e, décadas depois, com a abertura da Via Anchieta – mesmo que agora em declínio.
Do mais, celebrar 40 anos do reconhecimento por parte do Conselho Federal de Educação do curso de Medicina é celebrar os esforços dos pioneiros e assinalar que todos, no seu devido tempo, foram maiores que as crises da instituição, presentes em mais de meio século de história.
Pois se a FUABC foi reconhecida em 1975, pelo menos mais de dez anos antes a região se mobilizava para criar a sua escola de Medicina.
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