Artigo

Com o fim da COP 21 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) nesta semana em Paris, não há dúvidas de que o tema eleva-se ao status de ‘preocupação internacional’. Há motivos para isso? Infelizmente, sim. A mudança global do clima é um dos maiores, senão o maior, desafio do século para a humanidade. Apesar de toda a discussão sobre o assunto, e de todos os esforços de redução de emissões empreendidos por governos, empresas e cidadãos do mundo todo, a concentração de GEEs (Gases de Efeito Estufa) na atmosfera só tem aumentado.

A tão proclamada ‘crise hídrica brasileira’ é reflexo desse cenário. Mitigação costuma ser o centro das atenções quando se fala em mudança climática, mas adaptação tende a ser assunto cada vez mais relevante a partir de agora, pois as alterações do clima já estão em curso e seus efeitos já são sentidos.

Essa adaptação visa minimizar os prejuízos ou potencializar benefícios. Ecossistemas naturais nativos que estejam em equilíbrio aumentam o potencial de adaptação aos novos cenários que se apresentam e fornecem gama maior de benefícios, dos quais as pessoas dependem – tais como regulação do clima, purificação do ar e produção de água. Essa ABE (Adaptação Baseada nos Ecossistemas) aumenta a capacidade que as comunidades têm para se proteger de efeitos das mudanças climáticas ou para se adaptar a eles, quando os efeitos já estão em curso.

Com o objetivo planejar as ações públicas sobre mudanças climáticas para os próximos anos, o governo federal lançou o PNA (Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima), que engloba diversas áreas temáticas, com projeções do governo para medidas de adaptação relacionadas à agricultura, à eficiência hídrica, à energia, entre outras. O PNA será, portanto, grande direcionador para políticas públicas. É estratégico o tema da ABE estar presente no plano, assim como é inteligente e estratégica sua aplicação.

O PNA é instrumento indispensável para ajudar o Brasil a superar sua maior crise: maior porque concentra todas as outras que, de certo modo, hoje assolam o País. A crise do clima é democrática, afeta a todos – ricos ou pobres – e traz em si fatores agravantes de todas as outras crises, incluindo a econômica e a social atuais. Quer estejamos preparados ou não, ela se intensificará nos próximos anos e nos dará consequência exata de nossa escolha: se tivemos capacidade de nos unir social e politicamente para nos adaptarmos ou se ficamos indiferentes à espera do resultado de nossa inércia frente à maior ameaça à vida que já assolou a humanidade.

André Ferretti é gerente de estratégias da conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Palavra do leitor

Cultura – 1
Gostaria de agradecer o espaço cedido ao Projeto Owl (Cultura&Lazer, dia 6). É muito valioso para o Projeto Owl ter espaço na mídia impressa. Ficou ótimo. Obrigada pela atenção.
Nicole Marangoni – Projeto Owl
São Caetano

Cultura – 2
Escrevo para parabenizar pela reportagem publicada a respeito do Laboratório de Artes Visuais (Cultura&Lazer, dia 6). Vocês conseguiram sintetizar bem o intuito do laboratório, que é dar espaço a jovens artistas. Todos ficamos muito felizes com a publicação. Parabéns novamente e obrigado pelo espaço cedido a nós!
Thomaz Pacheco – OMA-Galeria
São Bernardo

Futebol
Para os quatro grandes clubes de futebol de São Paulo o ano foi muito bom e positivo. O Santos foi campeão do Paulista, o Corinthians faturou o Campeonato Brasileiro, o Palmeiras levantou a Copa do Brasil e o São Paulo, apesar da irregularidade, conseguiu a vaga na Libertadores. Já seu grande líder e ídolo Rogério Ceni, que inovou na posição – além de incentivar muitos jovens a iniciarem na posição –, escreveu seu nome na história e pôde se sentir homenageado com a espetacular apresentação de seu colega de posição Fernando Prass na final contra o Santos. Parabéns a esses clubes paulistas.
Valmir Alves Bezerra
São Bernardo

Golpe
Comparar o impeachment de Collor com o que está acontecendo hoje com a presidente Dilma Rousseff é realmente prova de falta de esclarecimento político. No caso de Dilma, é clara a intenção de golpe contra a democracia, pela qual tantos deram suas vidas. As forças que querem Dilma fora, na verdade, querem fora o que ela e seu antecessor Lula representam historicamente para o Brasil. O que se quer derrubar são as transformações pelas quais o País passa e passou, como, por exemplo, filho de empregada doméstica se formando médico, diarista viajando de avião e trabalhador de baixo salário comprando casa própria e por aí vai.
Eliana Brizanti
Santo André

Impedimento
A semelhança entre os processos de impeachment de Fernando Collor de Mello e de Dilma Rousseff é que ambos ao se candidatarem ao cargo máximo da Nação escolheram como vice pessoas de quem eu jamais compraria um carro usado!
Moyses Cheid Junior
São Bernardo

Consórcio
Vejo com vergonha notícia neste Diário informando do retorno de Luiz Marinho, persona não digna de nosso respeito como administrador de São Bernardo – e já preparando seu pé-de-meia para 2016 –, ao Consórcio Intermunicipal do Grande ABC (Política, dia 7). Se esse lugar não rendesse vultosas quantias duvido que haveria candidatos interessados em administrá-lo. Esse Consórcio é digno de nosso mais louvável respeito desde que com representantes dignos de nobres causas. Que os vereadores se unam e possam interferir judicialmente para impedir isso. Essa instituição já deveria funcionar com eleições compostas por vereadores, representantes da Acisa, autoridades e integrantes da comunidade. Este patrimônio, criado em favor de nossos sete municípios, é legado que não podemos deixar que seja manipulado por interesseiros. Se for preciso, faremos como os estudantes, que lutaram e conseguiram seus ideais. A união faz a força com democracia.
Edson Campelo
Santo André