Carlos Boschetti Titulo Análise
Singapura no Grande ABC
Carlos Boschetti
10/12/2015 | 07:19
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Recentemente, tive a oportunidade de acompanhar a visita de uma comitiva da embaixada de Singapura e de representantes das agências de comércio do País ao Grande ABC. O objetivo é estreitar os laços e fomentar os negócios entre singapurianos e brasileiros, em especial com empresas de nossa região. Foi um dia bastante proveitoso e enriquecedor, que fez com que refletíssemos muito sobre como uma nação saiu do subdesenvolvimento e, em apenas 50 anos, transformou-se em uma potência tecnológica e um exemplo de avanço social. Não tenho dúvidas de que temos muito o que aprender com Singapura.

Singapura é uma ilha situada no extremo sul da península da Malásia, com cerca de 700 quilômetros quadrados de extensão e população de 5,5 milhões de habitantes, em sua maioria de ascendência chinesa. Foi colônia britânica até 1959 – quando a Inglaterra passava por problemas financeiros e não tinha como manter seus territórios ocupados -, uniu-se à Malásia e, posteriormente, em 1965, tornou-se estado independente. Praticamente privada de recursos naturais – até mesmo água Singapura tinha de importar da Malásia, a recém-criada república concentrou seus esforços e investimentos em Educação (tanto na de base como na formação técnica e profissionalizante para capacitação industrial) e tecnologia. O resultado foi um avanço extraordinário. Para se ter ideia da mudança, a renda per capita saltou de US$ 1.000 para US$ 56 mil neste período. O país desenvolveu tecnologia de ponta em diversos setores.

Chama bastante atenção as soluções que o país encontrou para a questão da água e de resíduos. Para se ter ideia, as tecnologias de Singapura são capazes de transformar água de esgoto em água potável e também gerar energia através do lixo, dois pontos fundamentais para o Brasil, que está vivenciando problemas sérios de escassez de água e que tem projeto de lei já vencido para acabar com os lixões. Esses são apenas dois exemplos de segmentos em que poderíamos utilizar a tecnologia singapuriana. Os principais setores econômicos do país são indústria, finanças e serviços portuários. A taxa de desemprego gira em torno de 2%. O PIB (Produto Interno Bruto) ultrapassou os US$ 300 bilhões em 2014, o que fez com que o país ocupasse a 37ª posição no ranking mundial em volume, e faz isso praticamente sem terras para plantar e sem recursos naturais.

Singapura é vista hoje como porta de entrada para outros países asiáticos pela localização estratégica, está a sete horas, no máximo, dos maiores mercados consumidores do mundo. Por isso, concentra escritórios de dezenas de milhares de multinacionais, de todo o planeta. Conversando com os representantes que tivemos o prazer de conhecer, perguntei a eles qual o segredo de tanta pujança em tão pouco tempo. A resposta foi simples: investir em pessoas. Capacitá-las, desenvolver talentos, sejam eles quais forem, habilidades técnicas ou intelectuais. E o que podemos aprender para aplicar ao nosso País? Enquanto não tivermos a Educação e os investimentos em tecnologia como prioridades, continuaremos como meros exportadores de commodities. O Brasil não tem nenhum planejamento de longo prazo, para nenhum segmento.
 




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