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Mauá está suja; rua
de Oswaldo Dias não
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
25/01/2011 | 07:36
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É praticamente impossível encontrar sujeira nas ruas do Jardim Pedroso, em Mauá. Uma das mais bem conservadas e limpas é a rua onde mora o prefeito Oswaldo Dias (PT). Totalmente asfaltada, arborizada e com guarita de segurança, a via sequer acumula poeira. O contraste está no outro lado da cidade, no Jardim Zaíra. O barro deixado pela enxurrada das últimas chuvas secou e nuvens de poeira se levantam com o passar dos veículos. A Prefeitura ainda não concluiu a limpeza, e comerciantes reclamam do abandono da principal avenida que dá acesso ao bairro, a Presidente Castelo Branco.

Ramos de árvores, sacos plásticos e muita terra tomaram as travessas da avenida. No Zaíra 6, próximo ao morro do Macuco, a situação é semelhante.

Em outro ponto do município, no Jardim Maringá, uma praça guarda os resquícios das últimas chuvas. No início do mês, as águas pluviais inundaram a Praça Alexandre Toshyury Meny e ruas próximas. Na semana passada, o local voltou a ficar inundado. A praça foi construída sobre um córrego que deságua no Rio Tamanduateí.

Brinquedos, como balanço, estão sujos e poucas crianças se arriscam a brincar ali. O barro endureceu e camuflou parte do gramado. As grades da quadra de esportes estão tortas e algumas ameaçam cair. As primeiras chuvas trouxeram um presente para a comunidade local: um velho sofá de três lugares. Moradores e comerciantes solicitaram a limpeza e remoção do móvel. Nada foi feito. A última enxurrada carregou o almofadado por dez metros ao longo da praça, aproximadamente.

A dona de casa Edilane de Freitas Alves Stratmann, 41 anos, se sente incomodada com a falta de zelo com a praça. Em férias escolares, ela não permite que a filha brinque no local. "Está tudo sujo de esgoto. Não posso arriscar a saúde da minha filha."

A péssima aparência da praça afasta clientes, garante o comerciante Reginaldo Bercheli, 43. "A gente já pediu para a Prefeitura limpar e instalar latas de lixo. Mas não somos atendidos."

Proprietária de um pet shop, Adelaide João dos Santos, 40, passa o dia limpando o estabelecimento. A terra que não foi retirada pela Prefeitura suja móveis e rações. "Quem vai querer comprar alguma coisa aqui, vendo toda essa sujeira? Se eu não limpar, perco a freguesia", disse. A Prefeitura foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.

Tenda provisória continua sem famílias

Até ontem, a tenda que poderá servir de abrigo provisório no Jardim Zaíra, construída pela Prefeitura de Mauá, não estava recebendo famílias desalojadas. O espaço permanece fechado com tapumes e coberto com lona. Enquanto isso, famílias que ocupavam os 194 imóveis interditados pela Defesa Civil continuam dormindo na casa de amigos, parentes ou na Escola Municipal Heberth de Souza.

Conforme anúncio oficial da Prefeitura, o espaço deveria ser entregue há duas semanas. Moradores que vivem próximos ao abrigo provisório e até mesmo vereadores reclamam da precariedade da estrutura. A promessa da administração é que o local abrigue 47 famílias que perderam residências por conta das fortes chuvas.

Três refeições serão oferecidas por dia, e o local conta com 20 banheiros (dez masculinos e dez femininos). Conforme a Prefeitura, a tenda possui 30 metros por 15 metros.

DESALOJADOS
Enquanto isso, próximo dali sete pessoas dormem no inacabado terminal de ônibus, na Avenida Presidente Castelo Branco.

Eles viviam em uma pequena casa, vizinha à residência da aposentada que morreu afogada no início da semana passada. A enxurrada destruiu três casas e o grupo teve que ir para debaixo do terminal. As refeições são oferecidas por moradores da comunidade. Eles dormem em dois colchões de solteiro, recuperados na manhã seguinte à enchente.

Damião do Amparo Mendes da Costa, 37 anos, contou que pediram ajuda na Prefeitura. Mas até ontem, continuavam debaixo do terminal, que está tomado por entulho carregado pela força da água.




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