Incrível como a presença de Neymar transforma o ambiente da Seleção. Nos dois primeiros jogos das Eliminatórias, sem o craque, era comum flagrar jogadores aflitos e tentando provar que o Brasil podia ser forte mesmo sem o atacante do Barcelona. Ontem, no treino realizado no CT do Corinthians, no Parque Ecológico do Tietê, apesar do distanciamento mantido dos jornalistas, foi possível perceber o alívio dos atletas com a companhia do astro.

A atividade foi fechada, mas alguns convidados dos patrocinadores da Seleção puderam ver tudo e registrar imagens. Na parte de fora dava para contar nos dedos os torcedores que foram ao local na tentativa de fazer alguma foto ou pegar um autógrafo. Os vidros escuros do ônibus brasileiro, porém, não permitiram nem mesmo o contato visual com os jogadores.

Quando os jornalistas foram liberados, nos últimos 15 minutos de atividade, rapidamente Neymar, que estava descalço, seguiu para o vestiário. Quem aproveitou o fato de estar no Brasil foi o meia Kaká, que levou o filho Luca e um outro garoto ao gramado e foi um dos últimos a deixar o treino.

Em segredo, Dunga testou as armas que pretende utilizar amanhã, na partida contra a Argentina, às 22h, em Buenos Aires, pela terceira rodada das Eliminatórias. As dúvidas estão no gol e no ataque. Cássio, que nem foi lembrado na primeira convocação, tem boas chances de jogar, deixando os ex-titulares Jefferson e Alison no banco de reservas. Lucas Limas e Oscar brigam pela vaga na armação, enquanto Douglas Costa, Hulk e Ricardo Oliveira disputam a última vaga na frente.

Escolhido para atender os jornalistas, ao lado do goleiro Cássio, Lucas Lima deixou claro que jogar com Neymar facilita não só pela qualidade do astro do Barcelona, como por conta da marcação adversária.

“Como a atenção fica mais em cima dele, acaba sobrando espaço para os outros jogadores aparecerem. Isso pode ser importante”, disse o jogador do Santos, que minimizou a ausência de Messi no clássico. “Acho que não muda nada. A equipe deles tem desfalques, mas os jogadores que estão à disposição são de qualidade”, garantiu.

De verde, goleiro evita forçar barra por condição de titular

Cássio estava à vontade no CT do Corinthians, ontem, juntamente com o grupo da Seleção Brasileira. Além de conhecer bem o ambiente, percebeu que pode ser a grande surpresa de Dunga e assumir a condição de titular logo contra a Argentina. Só uma coisa não estava combinando: a camiseta verde usada na atividade, cor que normalmente é vetada no Timão.

“O pessoal falou bastante que é estranho, não vemos ninguém de camisa verde no CT, mas é a da Seleção, temos de usar. Representar o Brasil é diferente, muda porque o País todo está vendo, apesar de que no Corinthians os anti assistem bastante”, brincou o goleiro.

Cássio, que já disse se considerar o melhor goleiro do Brasil, evitou pressionar Dunga por uma vaga no time e usou o discurso do politicamente correto ao avaliar a chance de ser titular. “Por ser convocado, todos os jogadores têm condições. Todos foram convocados por méritos. Vou fazer o meu melhor. Se não jogar, estarei dando força aos meus companheiros”, garantiu.

O goleiro disse que reestrear pelo Brasil justo no clássico não seria problema, já que está acostuma à pressão por defender um dos times mais populares do País. “A torcida do Corinthians cobra, assim como será na Seleção. Não é uma fria entrar em jogo como este, estou preparado”, disse Cássio.

DESFALQUE
Além de Messi e Aguero, nem convocados, o técnico da Argentina, Gerardo Martino, soube ontem que também não poderá contar com o atacante Tevez, cortado por estar com sobrecarga muscular e lesão no tornozelo esquerdo. AF