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Livro fala de marcas que fazem nossa história
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
27/02/2001 | 17:12
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A Editora Senac lança o livro Marcas de Valor no Mercado Brasileiro (144 págs., R$ 62), um inventário dos produtos que convivem com gerações de cidadãos e misturaram-se às suas histórias. Com design e mensagens muito próprias, as marcas culturais reunidas renderam um volume de leitura deliciosa.

Primeiramente, folhea-se as páginas como se fossem de um álbum de família. “Olha, lembra disso?”, são os comentários. Depois, lê-se como uma revista, afim de se divertir com as artes, grafias e publicidades antigas. “Poeiras, micróbios pouco me importam. Tenho uma caixa das verdadeiras Pastilhas Valda.”

Por fim, é possível tratá-lo como um livro e, novamente, há boas surpresas. Dessa vez, nas informações interessantes sobre os 21 produtos retratados e suas empresas. A pesquisa foi encomendada a quatro profissionais, que assinam a autoria: a jornalista Anna Regina Accioly, o publicitário Lula Vieira e os designers Joaquim Marçal de Andrade e Rafael Cardoso.

A memória dos consumidores também está registrada. Pessoas famosas dão depoimentos de como os produtos fizeram parte de suas vidas. Há relatos cômicos, como o do dramaturgo Mauro Rasi sobre o xarope Fimatosan. Já o escritor Carlos Eduardo Novaes preferiu dar um tom apaixonado ao falar da manteiga Aviação. “Não creio que alguém já tenha tratado uma manteiga com tanto respeito e deferência”, finaliza o texto.

Há exemplo de carinho – “A Maizena dá aconchego à nossa barriga”, diz o nutricionista João Curvo ao falar dos mingaus da infância – e até de um quase merchandising literário em trecho transcrito do livro Onde Estivestes de Noite, de Clarice Lispector. “Dizem que sua pele é espetacular (...) Tudo isso cheirando a Leite de Rosas.”

As embalagens também são fontes de curiosidades. Os rótulos dos charutos Dannemann, por exemplo, tinham uma atenção especial, pois eram formados por belíssimos desenhos de artistas internacionais. E a garrafa da aguardente Ypióca é revestida por camisas de palha de carnaúba, um artesanato de “feiteiras” cearenses.

O tratamento familiar dado aos produtos é próprio de uma sociedade de consumo, mas não é o caso de um estudo antropológico. Afinal, excluindo-se o peso das marcas, o que fica é a sensação de boas recordações.




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