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Aluguel chega a R$ 700 em Paranapiacaba
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
15/02/2011 | 07:09
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André Henriques/DGABC


A Prefeitura de Santo André divulga nos próximos dias os nomes dos permissionários que vão alugar casas na Vila de Paranapiacaba. Os imóveis rústicos estão degradados e os novos inquilinos vão se encarregar das reformas e da conservação do patrimônio histórico.

O aluguel varia de R$ 500 a R$ 700 - valor cobrado na locação de imóveis em bairros próximos ao Centro de Santo André, por exemplo. O contrato pode chegar a cinco anos, com direito à renovação por igual período.

A história da antiga vila e a identidade com o trabalho na linha ferroviária atraíram o empresário Charles Elias Pumerad, 50 anos, a encarar uma mudança para Paranapiacaba. Da Rua Canudos, no Centro, Pumerad está arrumando as malas para se mudar para a vila, na Avenida Antonio Oluntho, 474, por R$ 700 ao mês.

A distância não assusta o futuro novo residente. "Sempre visitava a vila com minha família. Fiz amigos lá. Sei que é muito longe, mas como viajo muito a trabalho, Paranapiacaba tem acesso para a Rodovia Índio Tibiriçá, que uso muito", falou.

A vista é privilegiada. "Mas somente quando não tem neblina. Em dias de sol, é muito bonito avistar a passarela e o relógio", disse o empresário.

Como um dos contemplados no processo público de permissão de uso das residências, Pumerad afirmou que vai investir para recuperar a moradia. "O tempo fez sua ação. Tenho que checar quanto vai ficar a reforma. Mas quero manter todas as características históricas", prometeu.

Pumerad pretende ficar ao menos cinco dias na vila. Mas já possui planos para ficar em tempo integral. "Tenho um projeto para construir um cyber café. Vai ser uma novidade. Assim que a Prefeitura permitir, vou mudar de vez."

A casa possui paredes e piso de madeira, deteriorados pelo tempo. Foi erguida por volta de 1889, para abrigar os funcionários que trabalhavam na ferrovia. "Meu avô era ferroviário, por isso me identifico com Paranapiacaba", lembrou. 

PRESERVAÇÃO
O secretário de Recursos Naturais de Santo André, Eduardo Selio Mendes, informou que todos os 12 novos moradores passaram por processo público para ganhar as chaves. "As casas foram avaliadas e tiveram um valor mínimo para lance. Agora, estamos checando as últimas documentações dos selecionados", explicou.

Todo o dinheiro investido na recuperação e reforma das casas é abatido no aluguel. "É uma forma de incentivar as pessoas a preservar o patrimônio histórico."

Moradores antigos temem que a vila fique abandonada 

Moradores mais antigos da Vila de Paranapiacaba temem que o lugar fique deserto com a iniciativa da Prefeitura de Santo André de alugar os imóveis desocupados. Além disso, muitos criticam o valor cobrado no aluguel, que pode chegar a R$ 700.

O autônomo Evanildo José da Silva, 42 anos, está há 15 anos na vila. Parentes que trabalharam na ferrovia o incentivaram a ficar na região. "Sempre cuidei da minha casa. Agora, essas novas pessoas vão ficar alguns dias na vila. Logo, isso aqui vai ficar sem ninguém", falou. "Pago R$ 90 pelo aluguel de minha casa. Por que tem gente que vai pagar mais de R$ 500?", questionou.

A crítica do autônomo é endossada pela proprietária de uma das pousadas, Zélia Maria Paralego, 59. "Muitos moradores vêm apenas nos fins de semana ou mesmo em datas comemorativas", relatou. "Essas casas não podem ser transformadas em pousadas de veraneio", protestou.

Já foram feitos três processos seletivos para ocupar as residências em Paranapiacaba (2007, 2009 e 2010). Mais de 20 habitações foram ocupadas e restauradas.




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