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Confira lançamentos de livros
Eloisa Rangel
Especial para o Diário
04/12/2005 | 08:37
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Buarqueanos
Os diferentes perfis do historiador, jornalista, sociólogo, escritor, professor e crítico literário Sérgio Buarque de Holanda deram a João Ricardo de Castro Caldeira a oportunidade de mostrar, a partir da visão de intelectuais como Antonio Candido e Marlyse Meyer, um pouco da extensa obra de Buarque. A coletânea Perfis Buarqueanos (Imprensa Oficial, 112 págs., R$ 15) é resultado de um seminário ocorrido em 2002 no Memorial da América Latina em homenagem ao centenário do nascimento do historiador. O livro, que também reúne textos de estudiosos como José Sebastião Witter, Suely Robles Reis de Queiroz, Antonio Arnoni Prado, Reynaldo Damazio, Robert Wegner e Marta Rossetti Batista, retrata a importância das obras do autor, entre elas Monções, Cobra de Vidro, O Extremo Oeste e Raízes do Brasil. Além das reflexões sobre Buarque, a coletânea apresenta uma breve biografia do intelectual, que nasceu em São Paulo em 1902, morou no Rio por 25 anos, participou do movimento modernista na década de 20 e criou o IEB (Instituto de Estudos Brasileiros).

Magia medieval
Submissão, paixão e magia fazem parte da história que se passa em um mundo de batalhas sangrentas onde vive Phaedra, a filha do guardião do castelo de Trant, que recusa se casar com os pretendentes que a procuram. Na realidade, ela é apaixonada por um cavaleiro negro, com quem se encontra desde pequena. O que Phaedra não sabe é que o rapaz faz parte de uma família de nobres renegados do condado de Tarceny e que a bebida que ele lhe oferece, num cálice de pedra, possui o segredo de um poder extraordinário que desencadeará uma guerra mortífera entre Trant e Tarceny. A moça, que está prestes a embarcar numa aventura desconhecida e perigosa, pode mudar o rumo de sua vida e de toda uma nação. As sangrentas batalhas medievais que representam o combate entre o bem e o mal, envolto em um clima de tensão e fantasia formam o cenário do livro O Feitiço do Cálice de Pedra (ARX, 384 págs., R$39,90) de John Dickinson. Apesar da ficção, a obra aborda questões como responsabilidade e escolhas individuais que alteram o destino de mais de uma pessoa.

Brecht no exílio
O livro Diário de Trabalho – Bertolt Brecht – Volume II (Rocco, 346 págs.., R$ 44), organizado por Werner Hecht, traz anotações sobre os anos de exílio de um dos mais influentes dramaturgos do século XX. A obra, que enfoca o período em que Brecht morou nos Estados Unidos (1941/1947), conta os bastidores da criação das peças O Círculo de Giz Caucasiano e As Visões de Simone Machard, além de revelar detalhes sobre seu convívio com outros grandes talentos como o roteirista Herman J. Mankiewicz, os cineastas Fritz Lang, Jean Renoir, Charles Chaplin e Orson Welles, os atores Charles Laughton e Groucho Marx e os filósofos Max Horkheimer e Theodor Adorno, entre outros. O diário revela também o temor do dramaturgo pelo seu futuro. Brecht, que saiu da Alemanha por ser contrário ao regime nazista, acompanhava com grande interesse as notícias sobre a Segunda Guerra e guardava recortes de jornais sobre o conflito. O livro relata ainda as dificuldades que ele enfrentou na América por ser alemão e simpático às idéias marxistas.

Matéria e luz
A poesia, que faz a união de opostos, principalmente nos casos em que os opostos não são apenas antagônicos, mas também complementares, é o atrativo da obra Pedra de Luz (Girafa, 272 págs, R$35,50), de Rodrigo Petronio, professor de literatura espanhola e hispano-americana no Centro Universitário de Santo André. “Com muitas formas, muitos metros e muitas notas”, o autor mostra que, em meio a diversidade está presente a idéia e a experiência da totalidade. O texto, que é apresentado em diversos formatos como sonetos, terza rima, quadra, oitava real, verso branco, verso livre, alexandrino, decassílabo, polimetria, polirritmia, epigrama, dístico e até poemas ready-made, demonstra certas ambigüidades e os modos de lidar com elas. Petronio aborda ainda a questão de que as partes só são partes por meio de sua relação com o todo e vice-versa. De acordo com o autor o nome da obra explica-se da seguinte maneira: se pedra é o grau zero da matéria e a luz o elemento mais elevado do espírito, Pedra de Luz pode ser lido como uma viagem ao ponto onde esses extremos se tocam.

Mulheres e fé
Em Império da Fé – Andarilhas da Alma na Era Barroca (Rocco, 204 págs., R$27) a historiadora Margareth de Almeida Gonçalves mostra o misticismo como uma arma de fortalecimento do catolicismo pós-Contra-Reforma. As manifestações da religiosidade feminina em lados opostos do antigo Império português são contadas por meio das personagens Filipa da Trindade, fundadora do Real Convento de Santa Monica e Jacinta de São José, mentora do Convento de Santa Teresa, criado no Rio no século XVIII. A análise histórica articula-se com a percepção sociológica e a compreensão antropológica. O cenário do catolicismo português é revelado nos relatos dessas duas mulheres que viveram em lugares e períodos diferentes. A autora ainda expõe o período artístico barroco como o pano de fundo de ambos os relatos e aborda o fanatismo como uma das vertentes da Igreja Católica. Fala sobre o direcionamento das massas de fiéis e explica as motivações nem sempre religiosas que estavam por trás da fundação de conventos para mulheres.

Profissão jornalista
No livro-reportagem Diário de Notícias – O Romance de um Jornal, Celito De Grandi conta a história da vida do jornalista e empresário Ernesto Corrêa, que durante 43 anos dirigiu um dos veículos de comunicação de maior influência no Rio Grande do Sul. Pertencente ao conglomerado de Assis Chateubriand, o jornal, que foi criado em 1925 e circulou por 55 anos, retratou grandes acontecimentos da história brasileira, desde a Revolução de 30 até o fim da censura prévia em 1979. O livro, que revela detalhes dos bastidores políticos, mostra relatos curiosos como a ocasião em que a Polícia Federal queria prender todos os jornalistas porque havia sido publicada uma foto, de perfil, do então presidente da República Ernesto Geisel juntamente com o desenho de um pênis, brincadeira feita na redação, mas que por engano chegou à gráfica. Além dessas curiosidades, a obra traz também diversos relatos de amigos, alunos e familiares do jornalista e professor universitário que durante vários anos foi responsável pelo Diário de Notícias.




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