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Festival 'É tudo Verdade' divulga concorrentes
Do Diário do Grande ABC
15/03/2000 | 15:32
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A organizaçao do "É Tudo Verdade - 5º Festival Internacional de Documentários" divulgou os títulos nacionais que concorrem este ano. Sao eles: "Notícias de uma Guerra Particular" (Joao Moreira Salles e Kátia Lund), "Santo Forte" (Eduardo Coutinho), "Os Carvoeiros" (Nigel Noble), "Passadouro" (Torquato Joel), "Maldito - o Estranho Mundo de José Mojica Marins" (André Barcinski), "Ao Sul da Paisagem: Paisagem e Memória" (Paschoal Samora), "O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas" (Paulo Caldas e Marcelo Luna), "Fawcett, o Engima de um Explorador" (Alfeu França, Bernardo Brik, Gustvavo Duarte e Leonardo Lassance), "Gilbertianas" (Ricardo Miranda), Laurindo Almeida, "Muito Prazer" (Leonardo Dourado), "Oriki" (Jorge Alfredo e Moisés Augusto), "Sobras em Obras" (Michel Favre) e "Walter Franco Muito Tudo" (Bel Bechara e Sandro Serpa).

Segundo a organizaçao, o festival, que ocorre de 6 a 16 de abril, simultanteamente no Rio e em Sao Paulo, recebeu um número recorde de inscriçoes. Foram 132 filmes, provenientes de 15 Estados da federaçao, dos quais se selecionaram os 13 trabalhos listados acima. Na distribuiçao dos concorrentes, reafirma-se a hegemonia do eixo Rio-Sao Paulo: cinco vêm de Sampa, cinco do Rio - e Bahia, Pernambuco e Paraíba comparecem com um título cada. Dos títulos conhecidos, o destaque óbvio fica para "Santo Forte", de Eduardo Coutinho, que já tem alguns prêmios no currículo, entre eles o principal troféu do Festival de Brasília do ano passado.

Trata-se de uma comovente (porém lúcida) incursao pelo imaginário religioso do povo brasileiro. Coutinho trabalha no universo fechado de uma favela da Zona Sul carioca e observa como os habitantes se relacionam com o sobrenatural. Descobre, para seu espanto e nosso, que esse sobrenatural encontra-se estranhamente próximo do mundo material das pessoas. Haveria quase uma "naturalizaçao" do plano místico. Este se revela ao espectador, e, ao mesmo tempo, desvela todo um modo de vida da camada mais pobre da populaçao. Material e espiritual vêm juntos.

Muito esperado, talvez por seus desdobramentos extracinematográficos, é "Notícias de uma Guerra Particular". Como se sabe, durante as filmagens, o cineasta Joao Moreira Salles tornou-se próximo do traficante Marcinho VP e chegou a proporcionar-lhe uma bolsa para que escrevesse as memórias. O caso ganhou as manchetes dos jornais, sobretudo os cariocas, e, por sua implicaçao simbólica (Joao é filho do dono do Unibanco), ainda nao foi completamente assimilado pela consciência nacional.

"Rap do Pequeno Príncipe" forma um par temático interessante com "Notícias de uma Guerra Particular".

Ambos voltam-se para temas como a violência urbana, tráfico de drogas e a realidade das periferias econômicas - obviamente os problemas mais prementes do país, pelo menos para quem tem alguma consciência social, ou prefere sonhar com olhos abertos. Também de denúncia social, mas com certa estetizaçao, é "Os Carvoeiros", de Nigel Noble, que trabalha com belas imagens sobre uma realidade terrível.

Artistas - Se cerca de metade dos documentários refere-se à dívida social de um país com uma das piores distribuiçoes de renda do mundo, a outra volta-se para o que ele tem de melhor, seus artistas e pensadores: "Gilbertianas", sobre Gilberto Freyre, "Sobras em Obras", reapresentando a figura de Geraldo de Barros, "Laurindo Almeida", sobre um dos grandes violonistas do país. Problemas e realizaçoes - nao deixa de ser uma boa mistura. Ou um bom contraponto.




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