Agora é oficial: Daniel Passarella é o novo técnico do Corinthians. A coletiva que oficializaria a contratação do treinador estava marcada para acontecer às 15h, mas alguns pontos do acordo não ficaram acertados a tempo e o anúncio foi atrasado. Após varias reuniões entre a noite de quarta-feira e a tarde desta quinta, o técnico argentino finalmente pode falar como novo comandante dos milionários do Timão para a temporada de 2005.

"O Corinthians é uma equipe grande e muito importante. Assumo uma grande responsabilidade, mas não me assusto com o desafio. O contrato é valido para os próximos dez meses, com uma opção de renovação por mais um ano", disse Passarella durante a apresentação oficial.

Logo em sua primeira entrevista como treinador do Corinthians, Passarella demonstrou que exigirá uma postura diferente dos jogadores. "É importante que haja ordem e dedicação total ao trabalho. Todos que dirigem um grupo têm essa pretensão. É importante que o jogador saiba que tem de se entregar totalmente aos torcedores e ao público. (...) Quero formar um grupo muito forte internamente. Um grupo que tenha vontade de trabalhar e aprender todos os dias. Não quero jogador que perca a humildade", disse.

Ele afirmou que o time não é completamente desconhecido. "Farei uma análise dos jogadores do Corinthians. Conheço alguns e acompanhei um jogo aqui no Pacaembu (Corinthians e Mogi Mirim, derrota por 2 a 0). Agora estou com linha direta com o Paulo Angioni para saber mais sobre os jogadores", disse.

Os números da negociação ainda não foram confirmados, mas o salário do novo treinador deve girar em torno dos R$ 200 mil mensais. Entre os empecilhos para o acordo com o técnico estava a exigência de Passarella de total autonomia para comandar o time.

Passarella não negou que treinar o Timão é um verdadeiro desafio. "Corinthians é uma das maiores equipes do Brasil com uma torcida muito grande, mas sempre gostei dos desafios difíceis", declarou, depois que o acerto foi oficializado.

O clube está sem técnico desde segunda-feira, quando foi anunciada a saída de Tite. Ele teve atritos com o iraniano Kia Joorabchian, representante da MSI no Brasil, depois da derrota do time para o São Paulo, por 1 a 0, no Campeonato Paulista.

Daniel Passarella - ex-zagueiro campeão mundial, Daniel Alberto Passarella foi capitão da seleção argentina na Copa do Mundo de 1978.

Conhecido na Argentina como ‘o grande capitão’, o treinador de 51 anos fez carreira como jogador do River Plate, onde jogou durante grande parte de sua vida e conquistou cinco títulos nacionais. Sua fama no futebol atravessou o Oceano Atlântico, quando atuou pela Fiorentina, da Itália. Lá, chegaram a dizer que ele tentou boicotar o meia Sócrates, que também jogava na Fiorentina, e acabou conhecido por não gostar de brasileiros.

Como treinador, fez carreira à frente do próprio River Plate. Também exerceu o cargo de técnico da seleção argentina e da seleção uruguaia, mas sem muito sucesso. Destacava-se principalmente por ser muito rígido com seus jogadores, proibindo brincos e cabelos compridos. Chegou a deixar o volante argentino Redondo fora da convocação para a Copa do Mundo de 1998 depois que o atleta se recusou a cortar o cabelo.

Durante sua apresentação oficial como treinador do Timão ele até brincou dizendo que iria “cortar o cabelo de todos” os jogadores, mas depois desconversou. "Não haverá nenhuma discriminação”, garantiu.

Com este currículo, Daniel Passarella só ficou quase um ano fora do banco de reservas de um grande time porque passou por um drama pessoal: a morte de seu pai. O argentino já pretendia voltar ao trabalho e os dirigentes do Corinthians/MSI teriam usado todas as suas ‘armas’ de convencimento, que não são poucas.  

Segundo o jornal argentino Olé, além de citar as badaladas contratações de Tevez, Sebástian, Roger e Carlos Alberto (campeão mundial interclubes com o Porto de Portugual), também foi falado à Passarela da recente – e desastrada - apresentação do brasileiro Gustavo Nery e das conversas avançadas com Kleberson (que está no Manchester United) e Mascherano, que já é dado como certo.