Rita de Cássia Santos da Cruz, filha da secretária de Administração e Reforma Administrativa de Mauá, Vilma Maria dos Santos, está entre os 2.165 aprovados no concurso público da Prefeitura de Mauá realizado em 19 de maio e que teve cerca de 56 mil inscritos. Ela foi aprovada na única vaga para o cargo de produtor de páginas na Internet, com salário de R$ 1,2 mil. Rita também é sobrinha-neta do prefeito Oswaldo Dias, já que seu pai é sobrinho do prefeito. O fato é questionado por alguns vereadores da oposição, apesar de não apresentar qualquer tipo de ilegalidade. O edital não trazia nenhuma cláusula que proibisse a inscrição de parentes.

Alguns cargos, como o de produtor de páginas na Internet, exigiam que o candidato participasse das duas fases: provas objetiva e dissertativa (redação). Na primeira etapa, Rita ficou em 10º lugar, com 67.86 pontos, atrás de Thiago Oliveira Batista Ferreira e Marcos Tarquiano Vicente, ambos com 82.14, e de outros sete candidatos. Com a prova dissertativa, ela saltou de 10º para 1º lugar, ao conseguir ponto máximo – 100 – na redação.

“Por incrível que pareça, ela (Rita de Cássia) conseguiu sair do último lugar e pular para o primeiro, com a nota da redação, que se trata de uma avaliação pessoal do examinador”, afirmou o vereador Diniz Lopes (PL). O liberal foi mais além em suas críticas. “A Vilma é quem organizou o concurso, ao lado da Fundação Getúlio Vargas. Ela foi a cabeça. É um absurdo”, disse, ao ressaltar que Rita fez um freelancer no Legislativo para criação das páginas do site da Câmara.

O oposicionista Manoel Lopes (PFL) também estranhou o fato. “Eu acho que isso precisa ser melhor verificado com a volta do trabalho no Legislativo”, disse. A mesma opinião tem o vereador Sidnei Sabela (PSB). “Muito estranho a própria filha da secretária da Administração conquistar a única vaga”, disse.

Para o vereador Alberto Betão Pereira Justino (PSB), Vilma não iria arriscar sua idoneidade para “sabotar” um concurso público para favorecer a filha. “As pessoas que se sentirem prejudicadas podem procurar seus direitos legalmente. Nós, parlamentares, poderemos analisar a questão. Afinal, o concurso tem de mostrar transparência total”, afirmou.

O vereador governista Hélcio Silva (PT), além de presidente da Câmara, disse que o concurso é aberto para toda e qualquer pessoa. “Porém, eu, particularmente, se aplicasse um concurso na Casa não admitiria que nenhum familiar se inscrevesse, a fim de evitar especulações”, afirmou.

Discriminação – A reportagem do Diário procurou por Vilma Maria para que ela se pronunciasse sobre o assunto, mas foi o secretário de Comunicação, Celso de Castro Barbosa, quem se manifestou em nome do governo. Para ele, não há rigorosamente nada de errado no fato de a filha da secretária de Administração ter sido aprovada no concurso. “Ela não pode ser discriminada por isso.” Barbosa ressaltou ainda que a Prefeitura tomou todos os cuidados necessários para garantir a lisura do concurso, inclusive ao contratar a FGV (Fundação Getúlio Vargas).

“Ninguém questionou antes as regras e os critérios adotados no edital. Aliás, nesse ponto, a FGV que deveria ser abordada e não a Prefeitura.” Apesar disso, a administração petista assinou e aprovou o edital.

Os aprovados no concurso que forem chamados têm direito à estabilidade na função, diferentemente dos cargos comissionados, que são de confiança e sem estabilidade.