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Começa o último campeonato, 100 anos depois

Antigamente os times reuniam os moleques dos bairros. Não pagavam ninguém...

Ademir Medici
22/09/2015 | 07:00
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“Antigamente os times reuniam os moleques dos bairros. Não pagavam ninguém. Hoje em dia na várzea são dois ou três times que pagam e são campeões diretos. Quem tem dinheiro chega. Entre os veteranos, não. Há mais consideração pelos amigos.”

Parafuso, do Humaitá

“O Santo André não dá muito valor aos antigos jogadores. O primeiro acesso fomos nós que ganhamos. Tínhamos 20, 21 anos. Nascemos na cidade. Acho que merecíamos ser mais lembrados.”

Bona, do Nacional

Começou sábado o último campeonato amador de Santo André deste ano, um século depois que a cidade viveu o seu primeiro campeonato de futebol, em 1915, naquele tempo reunindo equipes como o Brasil, o Operário e o Primeiro de Maio. Neste setembro, em vários campos da cidade, começaram a medir forças os veteraníssimos de 14 equipes na chamada categoria star – de estrela – jovens e bem dispostos cinquentões.

Com a devida aprovação do editor de Esportes do Diário, Ângelo Verotti, Memória se propõe a acompanhar o campeonato, que prosseguirá até o fim do ano. Em companhia do companheiro de Redação Mauricio Silva, divulgaremos, às terças-feiras, os resultados da rodada, destacando um dos jogos.

Nesta estreia, um clássico: Nacional, de 1943, frente ao Humaitá, de 1950. Oportunidade de reencontrar craques do tempo do profissionalismo do EC Santo André, Arnaldinho e Bona.

No campo de gramado sintético do Nacional, toda a classe de Arnaldinho, aos 55 anos, e a experiência de três veteranos, Queijão e Nelsinho Rosário, do Nacional, Parafuso, do Humaitá, os três na faixa que beira os 60 anos.

O que nos chamou mais a atenção nesta primeira cobertura foi o grau de camaradagem entre os jogadores. Respeito mútuo. Wladimir Batista da Silva, presidente, e Claudio Guimarães Teixeira (Cacau), treinador, ambos do Nacional, não sabiam o que fazer para receber a reportagem. E foram tantas as informações obtidas, e gravadas, que Memória tem a impressão que apenas um dia da semana será pouco para falar desta maravilha que é o centenário futebol andreense.

PRIMEIRA RODADA

Sábado, 19 de setembro

- Na Cidade São Jorge, Cidade São Jorge 3, Jardim Cristiane 0.

- Na Vila América: Ipanema 0, Aclimação 0.

- No campo do Nacional: Nacional 4, Humaitá A 0.

- Na Vila Guaraciaba: Guaraciaba 0, Vila Suíça 0.

- Em Santa Terezinha: Alvinegro A 0, Humaitá B 0; Alvinegro B 3, Corinthians 3.

- Folgaram: AA São Paulo e Vasco da Vila América.

Fonte: Liga Santoandreense de Futebol

BOLA EM JOGO

- Celso Roberto Soares, o Queijão. Nasceu no bairro do Ipiranga, 60 anos. Tem caminhão. É motorista autônomo. Seu primeiro apelido foi Celso Teixeira, nome de um antigo jornalista. E por causa do Queijo Teixeira, passou a ser chamado de Queijinho e hoje é Queijão. Fez história na Associação Atlética Chile, da Rua Estônia.

- Edvaldo Gomes, o Parafuso. Natural de Santa Cruz do Rio Pardo (SP), 59 anos. Comerciante. O apelido vem da sua loja de parafusos, localizada perto da antiga Petroquímica União. Jogou em várias equipes do Grande ABC. Mantém amizade com vários craques que atuaram com Pelé, entre os quais Edu e Clodoaldo.

- Nelsinho Rosário. Paranaense de Itaguajé, criado em Presidente Prudente, 60 anos. Reside em Santo André desde os 20 anos. Jogou em vários times locais, com destaque para os 25 anos da Portuguesinha de Vila Pires.

- Edson Raimundo dos Santos, o Bona. Andreense do Parque das Nações, 57 anos. Começou na base do São Paulo do Morumbi. Durante dez anos defendeu o Santo André. Jogou também em Mogi Mirim, Mogi das Cruzes e Mato Grosso. Camisa 10. “O Daniel Lima (ex-Diário) era tão meu fã que me chamava de Bona Bom de Bola.”

- Toda a família do Bona é Nacional do Parque até hoje. A começar da mãe, dona Sebastiana, 95 anos. Era ela quem lavava o uniforme do clube.

- Arnaldinho. Andreense do Jardim Santo Alberto, 55 anos. Quatorze anos de EC Santo André. Passagens no Fortaleza, no Ceará, no Nacional da Capital e em Portugal. “O mais importante neste campeonato é reencontrar os amigos do nosso time e dos adversários.”

Hoje

- Dia do Contador

- Dia da Campanha Mundial de Redução de Carros nas Ruas

- Dia da Juventude do Brasil

- Dia do Técnico Agropecuário

- Dia da Banana

Diário há 30 anos

Domingo, 22 de setembro de 1985 – ano 28, nº 5936

Manchete – Mortos no México podem chegar a 6.000

Primeira Divisão – Santo André vence o Corinthians pela primeira vez – ontem, em Mauá, por 1 a 0, gol de Márcio Fernandes.

Santos do Dia

- Na estampa, Santo Inácio de Santhiá (Itália, 1686 – 1770). Capuchinho. O padre dos pecadores e dos desesperados.

Colaboração: Padre Evaldo César de Souza

- Focas

- Santino

- Emerano 




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