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Extintor de incêndio deixa de ser obrigatório em carro

Decisão do Contran revoga resolução que dava prazo até 1º de outubro para que todos os veículos portassem item do tipo ABC

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
18/09/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Depois de correria para que motoristas conseguissem adquirir o extintor de incêndio carga ABC dentro do prazo estabelecido pela resolução 333/2009, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) decidiu, ontem, tornar o uso do dispositivo de segurança optativo. A obrigatoriedade da troca dos itens BC pelos novos modelos estava prevista para vigorar em janeiro, prazo que foi adiado para abril, 1º de julho e, posteriormente, 1º de outubro em razão da falta do produto em estoque.

Conforme o Contran, órgão ligado ao Ministério das Cidades, a decisão foi tomada após 90 dias de avaliação técnica e consulta aos setores envolvidos, como representantes dos fabricantes de extintores, Corpo de Bombeiros e da indústria automobilística. Já o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) destacou que estudos e pesquisas realizados constataram que as inovações tecnológicas introduzidas nos veículos resultaram em maior segurança contra incêndio. Desde 2009, os carros saem de fábrica com o extintor do tipo ABC em substituição ao da categoria BC.

O equipamento continua a ser obrigatório para todos os veículos utilizados comercialmente para transporte de passageiros, caminhões, caminhão-trator, micro-ônibus, ônibus e destinados ao transporte de produtos inflamáveis, líquidos e gasosos. A obrigatoriedade do uso do equipamento foi estabelecida em 1968 e passou a vigorar em 1970.

Em janeiro, a equipe do Diário percorreu diversos pontos de venda e constatou que o item do tipo ABC era raro na região. O equipamento só voltou a ser encontrado nas prateleiras de lojas e postos de combustíveis a partir de junho. Aqueles que se adequaram à medida no começo do ano desembolsaram entre R$ 60 e R$ 90. Já em junho, o extintor custava de R$ 100 a R$ 150 – ou seja, preços até 150% mais caros.

As autoridades de trânsito continuam fiscalizando os extintores de incêndio nos veículos em que seu uso é obrigatório. A punição para quem não estiver com o equipamento ou se estiver com validade vencida é de multa de R$ 127,69, além de cinco pontos na carteira de habilitação.

O chefe do departamento de Medicina de tráfego ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), Dirceu Rodrigues Alves Júnior, posicionou-se contra a medida. “Essa atitude vai contra à proteção da vida, porque em todos os lugares há a necessidade de ter o extintor, seja em garagens, prédios e shoppings.” Segundo Alves Júnior, quem comprou o equipamento deve ter em mente que ele é importante. “O extintor ajuda a salvar vidas em caso de necessidade.”

Medida revolta motoristas da região que adquiriram o item

Misto de preocupação e revolta é o sentimento de quem precisou correr para comprar o extintor ABC e descobriu que deixou de ser necessário. “Só pode ser brincadeira. Com o preço que estava e, agora, não precisar (mais usar). Só falta a lona, porque é um circo”, disse o representante autônomo Benhour Regiani, 28 anos, que pagou R$ 55 pelo item.

O gerente de posto de gasolina na Avenida José Antônio de Almeida Amazonas Aleksandro Cristóvão da Silva, 36, comprou 12 extintores anteontem para revender. “Sem a obrigação, ninguém vai comprar. Fiquei no prejuízo”, disse ele, que pagou R$ 65 por cada um e venderia a R$ 120. 




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