Destaque do programa American Idol, de 2009, Lambert não tenta ser um imitador de Freddie, o que é um ponto a seu favor. Com os próprios recursos vocais - com direito a sustentar longos agudos -, o cantor americano impõe seu estilo, sua maneira de interpretar aquelas músicas tão incorporadas à imagem do antigo vocalista. Mas a alma do Queen, hoje, está polarizada nas figuras do guitarrista Brian May e do baterista Roger Taylor, ambos também vocalistas, companheiros de Freddie Mercury na formação clássica. Partiu deles o convite a Lambert, após serem alertados sobre o bom desempenho - e a popularidade - do cantor americano ao interpretar canções do Queen. Ele foi o eleito da vez.
Fazendo a linha rocker com afetação, uma mistura de Elvis Presley dos anos 1950 e 60 com George Michael dos anos 80, Adam Lambert subiu ao palco com o Queen pontualmente às 22h, cantando One Vision. Precisão britânica. A acústica do Ginásio não favoreceu quem estava mais longe do palco, onde a voz de Lambert era sobreposta pelos instrumentos dos músicos da banda. Também ouvia-se com dificuldade o que eles diziam ao microfone, quando Lambert ou mesmo Brian falava com o público. Lambert foi bem aceito pela plateia e continuou o repertório com outros sucessos como Another One Bites the Dust, Killer Queen, Don't Stop Me Now, I Want to Break Free e Somebody to Love. Freddie Mercury estava presente, ao ser evocado nas palavras de Lambert, nas imagens dos telões e nos momentos de emoção de Brian.
"Boa noite, tudo bem? É ótimo estar de volta. Vocês querem cantar comigo?", arriscou, em português, o guitarrista. Para depois, sentenciar, em inglês. "Essa música é de vocês", referindo-se à catártica apresentação no Rock in Rio em 1985. Sem Lambert no palco, ele cantou Love of My Life. E, guardada as devidas proporções, a catarse se repetiu no Ginásio. Brian e Roger voltaram ao passado em canções como These Are the Days of Our Lives, em que os telões traziam imagens do grupo no auge da juventude e da fama. E os dois jogaram os holofotes sob si mesmos, seja como vocalistas seja nos solos em seus respectivos instrumentos, mostrando que, afinal de contas, os protagonistas e donos da história eram eles.
Houve outros momentos em coro com o público, como em Radio Ga Ga, Crazy Little Thing Called Love, Who Wants to Live Forever e, no bis, o 'hino' We Will Rock You. A disposição do palco permitia que eles se movimentassem por várias partes, aproximando-se do público. Lambert surpreendeu cantando um sucesso seu, Ghost Town. O hit We Are the Champions selou 2h20 de apresentação. E, apesar do tom saudosista, o que prevaleceu no show foi a força da obra do Queen.
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