No programa de atendimento à mulher dependente de álcool e droga do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, o acompanhamento ambulatorial constatou que elas se viciam mais rápido porque são mais suscetíveis. Além disso, o grupo feminino demora mais para assumir que bebe e, portanto, quando as mulheres chegam aos locais de tratamento – como o Centro de Atenção Psicossocial de Dependência Química de Santo André e o Espaço Fernando Ramos da Silva, em Diadema – a doença já está em fase avançada.
“Bebo desde os 14 anos”, admite a universitária de Santo André Mariana Boretti. A primeira vez que a estudante de Letras experimentou cerveja estava acompanhada dos pais. Três anos depois, Mariana, hoje com 24 anos, já saía de casa com o objetivo de sentar em um bar. O primeiro porre aconteceu aos 19 anos. “Tomei conhaque com cacau e parei no hospital para tomar glicose na veia.” No ano passado, a estudante voltou a exagerar, desta vez com vodka. “Agora estou mais atenta. Quando deixo de assimilar o que as pessoas estão falando, paro.”
Assim como Mariana, Amanda Maciel e Juliana Martins, ambas de 19 anos, também começaram cedo. Enquanto Amanda toma um ou dois copos de cerveja, Juliana bebe quatro garrafas da bebida e mescla com Dreyer e cacau. “Só não bebo às terças e quartas-feiras”, disse Juliana.
Para o coordenador do curso de medicina da Faculdade de Medicina do ABC, Arthur Guerra de Andrade, são vários os fatores que estimulam o jovem a beber. As influências vão desde as campanhas publicitárias até a pressão do grupo de amigos e o espelho dos pais e familiares. “Os adolescentes acabam enquadradados como consumidores pesados. Criam o hábito de beber mais de 20 dias por mês. É barato, fácil de comprar e a propaganda faz com que o consumo pareça obrigatório”, disse Ilana Pinsky da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Adolescentes – Em São Paulo e no Grande ABC, o jovem é apresentado ao mercado das bebidas em média aos 14 ou 15 anos, segundo o diretor clínico e médico psiquiatra do Bezerra de Menezes, Irineu Godinho.
A preferência é pela cerveja, mas outros tipos de bebidas não são desprezados. “O perfil do consumidor de bebidas alcoólicas mudou. Há dez anos, o alcoólatra era o homem entre 35 e 45 anos, casado, pai de família e trabalhador. Hoje não há mais divisões”, avaliou Godinho.
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