Ao optar por enviar para a análise do Congresso Nacional Orçamento de 2016 com previsão de deficit no valor de R$ 30,5 bilhões, revelando que não arrecadará dinheiro suficiente para quitar seus compromissos fiscais, a União jogou bomba de efeito devastador no colo dos prefeitos. Onda de temor varreu o território nacional, do Oiapoque ao Chuí, trazendo preocupação extra aos gestores que cuidam das contas municipais. Há razões de sobra para preocupação. Afinal, se as cidades já encontram dificuldade para receber repasses de verbas federais em cenário de equilíbrio financeiro, o que vai acontecer em momento de desajuste econômico?

Ouvidos pela equipe de reportagem deste Diário, prefeitos e secretários municipais de finanças do Grande ABC foram unânimes em demonstrar desconforto com os reflexos que o deficit no Orçamento da União pode causar na execução dos projetos locais. Há receio de que obras prometidas na campanha eleitoral de três anos atrás e metas definidas ao longo da gestão não possam ser cumpridas devido ao recuo no volume de recursos liberados pelo governo federal. É óbvio que, com mais compromissos para honrar do que fontes para arrecadar, alguém será prejudicado. E a possibilidade de os municípios serem escolhidos para arcar com o prejuízo é grande.

O segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), que ainda não completou um ano, está extremamente fragilizado. Mergulhada até o pescoço nas crises política e econômica, a petista não mostra sinais de que possui capacidade de recuperar a força e o prestígio necessários para recolocar o Brasil nos trilhos em curto espaço de tempo. Por isso, os gestores municipais devem abandonar a ilusão de que as coisas vão melhorar nos próximos quatro meses. Mais prudente é preparar as armas para enfrentar o cenário árido que ora se vislumbra. Não adianta ficar à espera de milagre. Ainda mais em ano eleitoral, onde seis dos sete prefeitos da região vão disputar novo mandato.