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Sandro é indiciado por venda de fogos
Tiago Dantas
Do Diário do Grande ABC
27/01/2010 | 07:48
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A Polícia Civil abriu ontem mais um inquérito contra o comerciante Sandro Luiz Castellani, 41 anos. Dono do bazar Pipas e Cia., que explodiu em 24 de setembro na Vila Pires, em Santo André, Sandro foi flagrado vendendo fogos de artifício pela reportagem da TV e da Rádio Bandeirantes na noite de anteontem.

Investigadores do 3° DP de Santo André e fiscais da Prefeitura foram à casa de Sandro, na Vila Humaitá, ontem de manhã. Eles chegaram às 10h30 e não encontraram nenhuma caixa de fogos de artifício.

"As caixas que eles filmaram eram amostra grátis. A gente não está vendendo nada na nossa garagem", afirma Conceição Aparecida Fernandes, 42, mulher de Sandro, que aparece na gravação da Band negociando a venda de rojões de vara colorido e treme-terra. A equipe de reportagem gravou a comerciante afirmando ter cerca de 30 dúzias de fogos para vender. Na delegacia, no entanto, ela alega que não armazenava nada.

Moradores da Rua Camões disseram que viram uma caminhonete fechada saindo do imóvel de Sandro por volta das 7h30. Apesar disso, não há provas de que o casal estivesse estocando o material explosivo. "A gente está no ramo há mais de 20 anos. Não tem condição de negar uma venda. Perdemos tudo no acidente e estamos precisando de dinheiro", justifica-se Sandro. "O que faço é ser o intermediário com os produtores."

"Foi mais um ato de irresponsabilidade do senhor Sandro Castellani", definiu o delegado Alberto José Mesquita Alves. "Ele não pode armazenar ou comercializar fogos", completou.

O delegado indiciou Sandro no artigo 253 do Código Penal, que define como crime "fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem autorização, substância explosiva". O comerciante já tinha sido indiciado pelo mesmo crime em 28 de setembro e em 1° de outubro, quando a polícia localizou duas toneladas de fogos na funilaria do cunhado dele.

‘Sou um intermediário. O que há de errado?'

"O que estou fazendo é intermediar a venda de fogos de artifício entre os clientes e as fábricas. O que há de errado nisso?", questiona o comerciante Sandro Castellani, ao definir sua nova atividade. A lei federal 4.238, que regulamenta o comércio de fogos de artifício, exige autorização para quem armazena os explosivos, mas não cita os intermediários.

"Perdi tudo na explosão. Isso é o que eu sei fazer, o que aprendi. E, se Deus permitir, é o que vou continuar fazendo", afirma Sandro. "Se a gente não conseguir arrumar uma outra coisa para fazer, para pagar nossas contas, vamos montar outra loja de fogos, sim", diz Conceição Aparecida Fernandes, mulher do comerciante.

Sandro explica que, atuando como intermediário, fez diversas encomendas para antigos clientes no fim do ano. "Só trabalho com clientes que têm CNPJ para que a nota vá direto para eles", conta o comerciante. Sandro diz, ainda, que a maior parte das encomendas era levada direto das fábricas que representa para os compradores.

Laudo que apontará causa da tragédia não está pronto

O laudo que irá indicar as causas da explosão da casa de fogos Pipas e Cia., ainda não ficou pronto e está previsto para ser entregue no fim do mês. O IC (Instituto de Criminalística) de Santo André já pediu a prorrogação do prazo três vezes desde outubro, pois aguarda resultados de alguns exames.

A queda de uma antena de radioamador sobre a rede elétrica e o teto da loja é a hipótese mais provável para explicar a explosão de 24 de setembro, aponta Nelson Gonçalves, diretor do IC. O laudo também mostrará quanto explosivo o comerciante Sandro Castellani armazenava e se ele produzia fogos no local.

A tragédia provocou a morte da empregada doméstica Ana Maria de Oliveira Martins, 58, e do servente Denian Castellani de Souza, 41, primo de Sandro. Outras 12 pessoas ficaram feridas. Quinze carros foram destruídos pela explosão e 30 imóveis tiveram a estrutura atingida. A Prefeitura de Santo André prometeu reformar 21 casas, mas só trabalhou em cinco residências.




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