Segundo Luiz Carlos Ewald, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas, a primeira coisa que a família tem de saber é que não pode gastar mais do que ganha. “Parece óbvio, mas muita gente não faz nem isso”, afirmou, com a experiência de quem estuda o assunto há mais de 30 anos. “Com a inflação sob controle, isso passou a ser uma necessidade das famílias. Antes, era impossível”, disse.

De acordo com Ewald, é necessário observar alguns pontos para que o orçamento familiar possa ser planejado e, especialmente, cumprido. Os principais são conscientizar a família da necessidade de controlar os gastos; anotar tudo o que se gasta, inclusive as besteiras (como balas, bebidas eventuais); e, o principal, comprar somente em promoção. “Procurar o desconto deve ser um hábito compulsivo. Mas é claro que não se deve comprar algo do qual não está realmente precisando só porque está em promoção “, aconselhou.

Na hora de montar o planejamento do orçamento, Ewald sugeriu que seja feita uma análise do que é supérfluo e que esses gastos sejam reduzidos ao máximo. “Boa parte do dinheiro que poderia sobrar para outras coisas acaba indo para itens que, no fim das contas, nem sabemos quais são”, disse.

Para tornar mais fácil o entendimento de como controlar as contas da família, Ewald criou uma família fictícia, a Xavier, que, além do homem e da mulher, conta com um filho de cinco anos. Veja o exemplo: Bruno Xavier, professor de artes marciais, e Mona Xavier, funcionária pública, têm juntos salários líquidos que somam R$ 4.320. Contando os gastos com o filho de cinco anos, que fica durante todo o dia numa creche, as despesas previstas para o mês passado eram de R$ 3.640.

A sobra daria para bancar alguns gastos extras e ainda restaria um pequeno saldo para que o casal pudesse investir em algum fundo de investimento. Mas o gasto efetivo no mês foi R$ 593 superior ao previsto, por conta de despesas não orçadas e de algumas surpresas.