Nomura afirmou nesta sexta que, em tese, o crime está caracterizado, mesmo sendo acusado um funcionário da Delivery. A fundamentação do delegado está no parágrafo primeiro do artigo 327 do Código Penal, “equipara-se a funcionário público quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da administração pública”.
“É um crime de mera conduta. A simples exigência formulada já o caracteriza, não é necessário o pagamento para consumar o delito”, afirmou Nomura. O delegado ouviu o depoimento de Puras e já solicitou à Secretaria Municipal de Saúde cópia do contrato e presença dos funcionários citados no boletim de ocorrência sobre o caso.
Um dos funcionários citados é Jorge Avelino, o supervisor da Prefeitura que trabalha dentro da sede operacional das ambulâncias, na avenida Dom Pedro II, 1.570, em Santo André, onde, por contrato, deveria funcionar apenas o serviço gratuito. Conforme a denúncia de Puras, Avelino estava presente no momento da exigência de R$ 240. Haveria ambulância disponível apenas mediante pagamento. O supervisor não poderia ser condescendente, pois se trata também de crime.
Nesta sexta, o diretor executivo da Secretaria de Saúde de Santo André, Caio Carvalho, afirmou que conversou com Avelino sobre o caso. “Ele (Avelino) me disse que não houve a oferta ao denunciante (Puras) e também nunca presenciou alguém ofertar no local”, disse Carvalho. Avelino não quis conversar com o Diário. Ele trabalha diariamente, desde o início do contrato em novembro, numa sala da sede operacional da Delivery. Sua função é supervisionar o serviço público prestado pela terceirizada.
Entretanto, numa única visita feita pessoalmente pela reportagem do Diário na quarta-feira à sede operacional da Delivery, uma funcionária abertamente ofertou a opção do serviço pago em mesas na entrada do imóvel. Segundo o advogado João Aéssio Nogueira, representante da empresa, a contratação particular de ambulâncias da Delivery pode ocorrer apenas na sede da avenida Palmares, 1.132, no bairro Palmares, em Santo André.
Por conta das denúncias, a Secretaria de Saúde de Santo André estabeleceu prazo de 48 horas para que a Delivery se explicasse, a vencer na próxima segunda-feira. Também foi modificada a forma de agendamento de ambulâncias, agora somente pelo telefone 192. A própria Delivery apura internamente se há um esquema paralelo de arrecadação. O contrato de prestação de serviços rende aproximados R$ 144 mil mensais para a empresa.
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