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Entidade auxilia com empréstimos
Camila Brunelli
Do Diário do Grande ABC
22/03/2011 | 07:51
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Criado em meados de 2009 pela família Pinchiari, conhecida na comunidade pela motivação religiosa, o Grupo de Trabalho Voluntário Dra Justina Rodrigues Pinchiari, infelizmente, não pode contar com o trabalho da integrante da família que deu nome à instituição.

Matriarca de uma família de dentistas, Justina sempre realizou colaborações de forma anônima e alimentava o desejo de se dedicar mais intensamente ao trabalho voluntário. Pouco antes de se aposentar, no entanto, foi diagnosticada com um tipo de câncer extremamente agressivo, um melanoma.

Foram seis anos de batalha contra o câncer. Em outubro de 2006, a família Pinchiari foi derrotada. "Mesmo doente, minha mãe sempre teve um sorriso, uma palavra de conforto até mesmo para quem vinha visitá-la para consolá-la por conta da doença", contou Marcos, 33 anos, seu filho.

Marcos começou o trabalho social aos 15 anos, quando participava do grupo de jovens de uma igreja e ajudou a arrecadar bolachas para encaminhar às senhoras que serviam chá com bolachas no Hospital do Câncer, na Capital. "Foi um trabalho bem caseiro, mas foi assim que começou."

"Meu pai sempre ensinou que o amor pela família é algo que nasce com a gente, assim como o amor pelos amigos, que praticamos sem esforço algum", contou o dentista. "O difícil é colocar esse mandamento em prática com alguém que não conhecemos - não importando se é bonito, feio, pobre, rico ou se estudou comigo no prezinho."

Assim nasceu o Grupo de Trabalho Voluntário Dra Justina Rodrigues, sediado em um pequeno prédio da família, na Vila Luzita, em Santo André. "Depois que passamos por tudo aquilo durante o tratamento da minha mãe, pensamos nas pessoas que não têm amparo familiar e financeiro. Nós, mesmo com convênio, tivemos vários problemas."

O grupo atua principalmente no empréstimo de cadeiras de rodas, camas hospitalares, andadores e muletas - todos pelo tempo que o paciente precisar. Atualmente são 44 cadeiras, das quais 42 estão emprestadas, e 21 andadores, sendo dez cedidos a pessoas necessitadas. Dos sete pares de muletas que a entidade possui, cinco estão emprestados e, das camas hospitalares, não restou nenhuma: estão todas sendo usadas.

"Muitas famílias desenvolvem uma consideração especial pelo trabalho que a gente faz", disse o dentista. "O mais importante é participar da vida da pessoa. Não é só aquele ato mecânico de dar a cadeira, é a atenção e o carinho também."

Pinchiari contou que a maioria dos aparelhos é doação de empresários amigos da família ou comprada com dinheiro conseguido em eventos beneficentes.

Todas as doações são bem-vindas e até novos projetos estão sendo idealizados. Além de campanhas do agasalho para doação às famílias necessitadas - juntamente com o empréstimo de aparelhos, já beneficiaram mais de 1.500 pessoas da região -, eles agora pensam em projeto de integração da terceira idade com os moradores mais jovens.

"Na Vila Luzita tem um monte de senhorinhas que têm muitos conhecimentos para passar", contou. A ideia é colocá-las para ensinar, gratuitamente, a bordar, pintar, cozinhar ou tricotar, de maneira a permitir a troca de conhecimentos e experiências com os mais jovens, com aulas de informática e capoeira, por exemplo.

Dentistas também promovem campanha contra câncer bucal 

Presidente da campanha de prevenção de câncer bucal, que completou ano passado 10 anos, Marcos Pinchiari disse que até 2005 sua mãe foi voluntária, examinando e tratando dos pacientes de maneira gratuita.

Trata-se de parceria entre a Secretaria de Saúde de Santo André e a sede regional da APCD (Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas), da qual Pinchiari é diretor.

Geralmente em outubro, conhecido como mês da prevenção contra o câncer, tendas são montadas em lugares de grande movimentação, como centros comerciais de Santo André. Com isso, o dentista avalia que quase 80 mil pessoas já foram atendidas. "Já salvamos muitas vidas. Tem muita gente que nem sabe que existe um tumor desse tipo."

Pinchiari disse que, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil está em quarto lugar no ranking de números de câncer bucal. "Toda prevenção começa com o autoexame", alertou.

Nas tendas, os voluntários convidam os moradores para um exame gratuito e verificação da existência de alguma lesão. "Pode não ser um câncer hoje, mas pode vir a ser posteriormente", comentou Marcos Pinchiari.

Na semana seguinte em que as tendas são armadas, cerca de 27 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da cidade também priorizam o atendimento odontológico voltado à prevenção da doença. Depois de avaliados, os pacientes que apresentarem alguma lesão são encaminhados à APCD, onde é feita biópsia. De lá, o material é encaminhado ao Laboratório de Patologia da USP (Universidade de São Paulo), que devolve o resultado em dez dias.

Cadeiras de rodas ajudam a devolver a independência

Fabrício Franco Gomes, 28 anos, é um dos que precisam de uma cadeira de rodas emprestada. Aos 64 anos, sua mãe foi diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica, uma doença neurológica e degenerativa. Como não há cura e já era sabido que ela, aos poucos, pararia de andar, Gomes foi atrás de uma cadeira - orçada em cerca de R$ 600.

"Ela não tinha mais condições de se locomover sozinha. Com andador e muleta já não tinha como. Se não fosse pela cadeira, ela nem conseguiria ir no médico", contou. A mãe, Margarida, usou a cadeira emprestada por cerca de dois anos. "Fui rápido para devolver o aparelho, porque sabia que tinha gente na fila."

Já a pequena Ana Caroline, aos 2 anos sofreu uma cirurgia na qual retirou um tumor da cabeça - o que afetou sua coordenação motora. Hoje, com 13 anos, a cadeira de rodas emprestada é que garante que a pequena tenha o direito de ir e vir. "Quando ela era menor, eu conseguia carregá-la, a gente saía de ônibus. Com o tempo, tivemos que começar a esperar os fins de semana, quando meu marido, que tem carro, está em casa", contou a mãe da menina, a dona de casa Maria Bernaldice Cezar Pereira.




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