Acabou o mistério. Após meses de incertezas sobre qual seria o candidato tucano a deputado federal por Santo André, a executiva estadual do PSDB confirmou que o vereador Paulinho Serra está fora da disputa, e que dará a legenda ao vereador Marcelo Chehade. O médico, aliás, é o único que tem motivos para comemorar a decisão. Além de seu colega na Câmara de Santo André, o ex-prefeito de São Bernardo William Dib sai derrotado das negociações, já que terá companhia na disputa.

Dib articulou junto à cúpula da sigla ser o único candidato tucano do Grande ABC a uma cadeira na Câmara dos Deputados nas eleições de outubro. Desde o fim do ano, no entanto, Paulinho Serra sinalizava com sua pré-candidatura. Em uma reviravolta, o tucano andreense anunciou em fevereiro a retirada de seu nome, e que se dedicaria à coordenação da campanha de Dib.

A decisão de Paulinho abriu espaço para Chehade lançar sua pré-candidatura, o que, de início, sofreu desconfiança por parte do tucanato. O vereador, contudo, dedicou-se à preparação do seu nome para as eleições, tendo por este motivo deixado a liderança do governo do prefeito Aidan Ravin (PTB) na Câmara.

Ao líder do PSDB no Legislativo de Santo André sobrou, como prêmio de consolação, a legenda para disputar as eleições para deputado estadual, o que foi prontamente recusado. "Já tenho meus compromissos, e vou honrá-los", garante, frisando que comprometeu-se a auxiliar nas campanhas dos correligionários Orlando Morando, Admir Ferro e Bruno Covas à Assembleia.

Sobre subir no palanque com Dib e Chehade, Paulinho desconversou. "Sou um soldado do partido", diz, ao mesmo tempo em que rechaça a possibilidade de a sua relação com o ex-prefeito de São Bernardo ter esfriado com o imbróglio.

Chehade analisa que a confirmação de sua candidatura é um "prêmio à linha de coerência". "Meu número nas urnas já está definido", reitera, ao se antecipar aos direcionamentos que serão revelados após a convenção do partido, amanhã, na Capital.

Marcos Cortez descarta apoio a colega

A novela em que se transformaram as pré-candidaturas de Marcelo Chehade e Paulinho Serra pode custar caro ao vencedor da disputa. O outro integrante da bancada de três vereadores do PSDB na Câmara de Santo André, Marcos Cortez, o Marcos da Farmácia, já tem definido há tempos o correligionário que apoiará no pleito de outubro. A decisão exclui os colegas de Legislativo.

"Minha decisão de apoiar o Dib vem lá de trás. Não tenho por que mudar isso agora, ainda mais por um candidato que coloca suas pretensões no último momento", destacou o vereador, ao anunciar que subirá no palanque pelo ex-prefeito de São Bernardo. De acordo com ele, a posição poderia ser outra se a definição interna dos tucanos andreenses tivesse saído antes. "Disse isso aos dois. Agora vou manter a palavra, se não fica estranho."

Ainda acenando para a remota possibilidade de Paulinho Serra candidatar-se a deputado estadual (o que já foi descartado pelo próprio líder da bancada), Marcos da Farmácia revela estar fechado também com outro correligionário (este sequer pertencente ao Grande ABC) que pleiteia cadeira na Assembleia Legislativa.

"O Bruno Covas me procurou e mantivemos um bom entendimento", ressalta. Indagado do porquê não apoiar candidato da região, como Orlando Morando (PSDB-São Bernardo), o parlamentar foi taxativo. "O pessoal do Orlando não me procurou. Mas ele já terá apoio do Paulinho e do Marcelo."