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Pichações tomam conta do Grande ABC
Márcia Pinna Raspanti
Do Diário do Grande ABC
30/09/2001 | 19:05
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Os moradores das grandes cidades já se acostumaram a conviver com a poluição visual causada por faixas, placas, propagandas e outdoors, colocados de forma desordenada na paisagem urbana. No industrializado Grande ABC tudo isso é comum, mas um dos principais problemas é a atuação de gangues de pichadores que, com seus rabiscos, ajudam a degradar e enfeiar ainda mais os sete municípios. Muros, fachadas de residências e do comércio, espaços públicos como escolas e parques, viadutos, pontos de ônibus, edifícios abandonados, qualquer espaço pode ser alvo das gangues, até mesmo postos de saúde e fóruns. Um exemplo da ousadia dos pichadores pode ser visto no prédio dos cartórios eleitorais de Mauá, cuja fachada está tomada por rabiscos.

As regiões centrais são sempre as mais procuradas pelos pichadores, mas até a centenária Vila de Paranapiacaba, tombada como patrimônio histórico, é vítima dos sprays e tintas das gangues. O mesmo ocorre em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, localidades também pacatas que já sofrem com o problema.

A reportagem do Diário percorreu os pontos mais críticos da região, em agosto, e voltou a avaliá-los ontem: a situação continua a mesma e, em alguns locais, até piorou. São os casos do parque Ana Brandão (da Juventude) e do edifício dos Correios, em Santo André, e da UBS Santa Luzia, em Ribeirão Pires.

Prédios abandonados, como o antigo edifício da Justiça do Trabalho, em Santo André, e o Hotel Binder, em São Bernardo, são alvos fáceis. Locais movimentados, porém, como a EE (Escola Estadual) Maria Pestana Menato, em Ribeirão Pires, ou o parque do Paço, em Diadema, não escapam das pichações. As gangues chegam de madrugada e conseguem driblar qualquer tipo de vigilância.

Na maioria das vezes, os infratores são menores e existe grande rivalidade entre as gangues. “Eles consideram que quanto mais difícil for o acesso ao local, maior valor terá a pichação. Os grupos também competem para ver quem consegue fazer mais pichações pela cidade”, disse o comandante da Guarda Municipal de São Bernardo, coronel Antônio Branco.

As guardas municipais têm a responsabilidade de cuidar do patrimônio público e evitar pichações e depredações. “Fazemos rondas pela cidade para tentar flagar a ação dos pichadores. Os adolescentes costumam agir à noite e fazem um jogo de esconde-esconde com os guardas”, disse o capitão Gilberto Precinotti, comandante interino da Guarda Municipal de Santo André.

O procedimento das guardas, no caso de flagrante em prédios públicos ou privados, é o mesmo em todos os municípios. O infrator é levado ao distrito policial, onde é lavrado boletim de ocorrência por danos ao patrimônio. Como quase todos são menores, o pai ou responsável precisa ser chamado e o caso é encaminhado ao juizado de menores.

As penas são geralmente alternativas e o jovem infrator é obrigado a prestar serviços comunitários. “O ideal seria que o infrator pintasse o local pichado ou pagasse o que o proprietário irá gastar (Prefeitura ou particular) para recuperar a área”, disse o coronel Branco.

Nos últimos dois anos, São Caetano conseguiu reduzir em 80% as pichações, com a ajuda da comunidade. “A população se acostumou a ligar para nós e avisar sobre esse tipo de ocorrência. Isso facilita o nosso trabalho, pois conseguimos chegar rapidamente ao local”, disse o comandante da Guarda Municipal do município, tenente Alírio França Villas Boas.




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