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Piscinao é muito caro e paliativo
Samir Siviero
Da Redaçao
11/11/2000 | 16:51
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O urbanista Carlos Eduardo Zahn, professor de Arquitetura e Planejamento da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP (Universidade de Sao Paulo) e da UniABC (Universidade do Grande ABC), acredita que a construçao de piscinoes só funciona se houver o controle da ocupaçao das áreas metropolitanas para evitar a impermeabilizaçao dos solos.

O professor avalia que essa falta de acompanhamento leva à inutilidade dos piscinoes. "A cada ano, se nao tivermos esse controle, os piscinoes se tornarao obsoletos e os governos serao obrigados a construir cada vez mais piscinoes. O problema será transferido de um local para outro, e o dinheiro será gasto de forma errada."

Zahn acredita que qualquer discussao sobre contençao de enchentes deve ter acompanhamento de urbanistas. Segundo o arquiteto, a tecnologia hidrológica tem de conviver com a ocupaçao urbana e, por isso, devem ser formadas equipes múltiplas de profissionais.

"Um dos principais fatores que provoca as enchentes é a pavimentaçao do solo. A água cai e como nao penetra no chao, corre rápido em direçao aos córregos. Em vez de se gastar fortunas com piscinoes, que sao uma medida paliativa de prevençao, devia-se investir em aumentar a permeabilidade do solo; manutençao do sistema de galerias e adequaçao às diversas características da área urbanizada."

Piscininha - Especialista em recursos hídricos, o professor de Engenharia da Escola Politécnica da USP, Mário Thadeu Leme de Barros, aponta como uma das soluçoes para conter as enchentes uma lei que obriga grandes construçoes a ter seu próprio reservatório de água, para compensar a área impermeabilizada pela construçao. No Grande ABC, nenhuma cidade possui essa lei.

"As áreas urbanas foram ocupadas de forma nao planejada e adquiriram problemas durante o tempo, como as inundaçoes. Agora, esses piscinoes nao devem ser implementados de forma isolada. A participaçao da populaçao é importante, principalmente na educaçao ambiental, para impedir que se jogue lixo nas ruas", afirmou Barros.

O engenheiro também acredita que os piscinoes correm o risco de ficar obsoletos se nao forem criadas leis que brequem a permeabilizaçao do solo de forma indiscriminada. "De nada adiantará todo esse esforço e gasto, se nao cuidarmos da ocupaçao das regioes metropolitanas e se nao houver uma açao integrada, pois uma obra em Sao Bernardo beneficiará Sao Caetano e assim por diante."




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