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Moradores protestam e param trânsito
Maíra Sanches
20/09/2011 | 07:04
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Moradores de quatro favelas protestaram no fim da tarde de ontem na Estrada do Pedroso, em Santo André, contra a reintegração de posse marcada para hoje, na região do Jardim Santo André, conforme determinação da juíza Luciana Biagio Laquimia, da 6ª Vara Cível.

O protestou reuniu cerca de 300 pessoas, de acordo com a Polícia Militar, entre curiosos e manifestantes. A medida atinge as comunidades das favelas dos Missionários, Toledana, Cruzado e Gregório de Matos. Inicialmente eram 111 famílias. Segundo a polícia, resta remover 81 das áreas com risco de desmoronamento. As outras 30 já foram retiradas.

A população pede à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado, responsável pela área, de 60 a 90 dias de prazo para conseguir outra moradia. As negociações, que começaram há dois anos, não avançaram e o prazo do Estado se esgotou. Inconformados, os moradores alegam dificuldade na locação de imóveis. A bolsa aluguel oferecida pela CDHU é de R$ 380.

"Tentamos desde o início, mas ninguém aceita famílias com mais de duas crianças. Quando achamos, o aluguel é mais de R$ 600. Não queremos dinheiro nem nos recusamos a sair daqui. Só que não pode ser dessa forma. Precisamos de mais prazo", explicou uma das líderes do protesto, Adriana Lopes dos Santos, 33 anos, mãe de quatro filhos. A família dela mora há 27 anos na favela dos Missionários.

Outra indignação relatada pelos moradores diz respeito às regularizações feitas na área. A AES Eletropaulo, por exemplo, instalou iluminação pública em novembro de 2010. "Temos luz, ônibus, padarias e correspondência. Se a intenção era essa (desapropriar), por que trouxeram melhorias?", questionou.

O advogado dos moradores, Osvaldo Gomes da Silva, entrou com liminar na sexta-feira para impedir o processo de desapropriação, mas a Justiça indeferiu o pedido, ontem. "Vamos recorrer", garantiu. O advogado acusa a Prefeitura de Santo André, a CDHU e o governo do Estado de não acatarem pedidos de reuniões para discutir o problema. Procurada pela equipe do Diário, a CDHU informou que se manifestará sobre o assunto apenas hoje, durante a reintegração.

 

TUMULTO

Com barricadas de pneus em chamas, a população bloqueou os dois lados de uma rotatória na altura do número 1.755 da Estrada do Pedroso, por volta de 17h30, o que provocou a interrupção do tráfego nos dois sentidos por aproximadamente uma hora.

Manifestantes transitavam entre os carros transportando pedaços de madeira, enquanto outros provocavam avanço das chamas arremessando mais pneus e álcool. As labaredas atingiram cerca de quatro metros de altura. Carros que tentavam atravessar o bloqueio eram repreendidos e obrigados a recuar. Apenas alguns motociclistas se arriscavam a contornar pelas laterais do bloqueio.

Com a chegada da polícia e do Corpo de Bombeiros, moradores aceitaram liberar uma via, no sentido Clube de Campo, por volta de 18h35. A outra, utilizada para quem segue ao Centro, permaneceu fechada até 20h50, quando o protesto foi encerrado.

Para organizar o tráfego e fazer a segurança da área foram deslocadas dez viaturas da polícia com 50 homens. "Eles estão no direito de se manifestar, mas temos de garantir o direito da população de ir e vir", disse o comandante da Companhia de Força Tática do 41º Batalhão da Polícia Militar, capitão Luiz Roberto Moraes. Para a desapropriação, a polícia fará segurança com efetivo de 250 policiais. A Prefeitura também acompanhará a operação.




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