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SBC é a cidade que quebra mais lâmpadas
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
29/09/2003 | 21:22
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São Bernardo é a cidade do Grande ABC onde mais se depreda a iluminação pública, segundo dados da Eletropaulo, concessionária responsável pela distribuição de energia na região. De janeiro a agosto deste ano, 750 lâmpadas foram quebradas na cidade. Especialistas relacionam a destruição das lâmpadas entre os fatores que podem favorecer a criminalidade em bairros de periferia, onde a depredação é mais intensa.

“Muitas vezes as lâmpadas são atingidas por tiros”, disse o gerente da Eletropaulo Marcos Antonio Sobral. O catador de papel A.N., 73 anos, já flagrou uma destas cenas. N. passa todos os dias pela rua Ângelo Demarchi, no bairro Demarchi, em São Bernardo, um dos pontos onde mais se depreda a iluminação pública em São Bernardo. “À noite, já vi um grupo de homens atirando nas luminárias”, contou. “Tenho medo. Depois disso, só ando por aqui de dia.”

Além do Demarchi, Montanhão, Alvarenga e Tatetos também têm alto o índice de depredação de lâmpadas. Juntas, as regiões concentram cerca de 50% do total de casos da cidade. Na seqüência do ranking de vandalismo na região aparecem Rio Grande da Serra (243), Diadema (240) e Mauá (202). Em Santo André e Ribeirão Pires, foram quebradas durante o período 124 e 71 lâmpadas, respectivamente. São Caetano foi a única cidade da região que não registrou nenhum tipo de ocorrência do gênero.

Outro tipo de vandalismo freqüente na região, segundo a Eletropaulo, é o furto de cabos elétricos. Nesse item, São Bernardo aparece mais uma vez no topo do levantamento. Na cidade, de janeiro a agosto, 7 mil metros de cabos foram furtados. Santo André e Diadema seguem empatadas em segundo lugar, cada uma com 4 mil metros. Rio Grande da Serra (3,5 mil), Ribeirão Pires (1,7 mil) e São Caetano (mil), aparecem na seqüência.

O levantamento é baseado no relatório das equipes técnicas da Eletropaulo, que todas as noites circulam pelas cidades para detectar falhas no sistema de iluminação – inclusive os causados por depredações e furtos. “Neste ano, alguns destes profissionais (os técnicos) chegaram a ser ameaçados e, em alguns casos, agredidos por pessoas que não queriam que a iluminação das vias fosse restabelecida”, afirmou Sobral.

Violência – A falta de iluminação, sozinha, não determina o aumento da criminalidade. Mas ela é um dos fatores que contribuem para o seu aumento nas áreas periféricas e pobres das cidades, que concentram os piores indicadores sociais. E, acompanhada da falta de policiamento ostensivo, a escuridão se torna um elemento de risco.

A prova desta teoria, segundo o Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, ligado à Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), é que durante o apagão de 2001, o índice de criminalidade não aumentou na mesma proporção em todas as áreas em que a iluminação das vias públicas foi parcialmente desligada. O Braudel mapeou a violência em Diadema.

Em geral, o risco se dá apenas em regiões periféricas das cidades. “O difícil acesso ao local, aliado ao perfil da comunidade, também são fatores decisivos nessa matemática de aumento de criminalidade”, disse o sociólogo Paulo de Mesquita Neto, secretário-executivo do Instituto São Paulo Contra a Violência.




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