Definitivamente Ricardo Waddington não é um homem de meias-palavras. O diretor tem certeza de que A Favorita é um ótimo produto e que a queda de audiência atual da TV e de algumas novelas é conseqüência de idéias que não atingem o público. "Às vezes você tem um projeto lindo, bem feito, mas que não chega às pessoas de todas as idades e classes sociais", diz.
O fato é que deu certo a estratégia da Record de deixar o último capítulo de Caminhos do Coração para anteontem, dia da estréia de A Favorita. A trama obteve a pior média de audiência em estréia do horário na Globo: 35 pontos (dados do Ibope para a Grande São Paulo).
Até então, o demérito era de Duas Caras, cuja estréia deu 40 pontos. A novela da Record registrou 22 pontos de audiência (dados prévios). A atração da emissora do bispo Macedo entra em sua segunda fase e a briga promete ser boa.
Mas o diretor de A Favorita não vê a internet e muito menos outras emissoras como perigosas concorrentes. Para Waddington, a Record é corajosa em colocar Os Mutantes - Caminhos do Coração para brigar no mesmo horário. Mas também é suicida. "Acho que vão perder essa disputa porque a novela deles é muito ruim. Uma história louca, tudo malfeito. Acho a concorrência boa, principalmente quando são eles", esnoba.
A Favorita é a primeira novela de João Emanuel Carneiro que você dirige. Que diferenças um novo autor traz para o seu trabalho de direção?
RICARDO WADDINGTON - Apesar de ser um autor jovem, o João Emanuel retoma uma estrutura mais clássica de novela. A trama central é muito forte e as histórias paralelas existem para dar forma a esse eixo central. Mas o que mais interfere na direção é o fato de o folhetim ter um universo quase todo inventado. Ele pensa em um bar no Centro de São Paulo mas esse lugar não existe na realidade, é uma invenção. É uma postura bem diferente daquela tomada por Manoel Carlos, por exemplo, com quem já trabalhei muito e que retrata lugares reais. E A Favorita o elenco também é menor. Isso é bom.
Muito se comenta da dificuldade cada vez maior de escalar elenco para um folhetim. Você enfrentou esse problema?
WADDINGTON - Quando não tenho elenco disponível, vou atrás de um outro elenco. Já lancei várias pessoas em função disso. Mas trabalho com adequação, então não tenho dificuldade de escalar os atores. O Tarcísio Meira não está nessa novela porque é o Tarcísio Meira. Está aqui porque é um grande ator e perfeitamente adequado para o personagem que interpretará. Optei por um elenco experiente e todos sabem que em alguns momentos suas histórias vão ter mais importância e em outros, não.
É difícil administrar o ego dos atores nesse sentido?
WADDINGTON - Como são atores experientes, os egos estão muito treinados. São profissionais que já enfrentaram várias situações nessa profissão. Quando chamados, todos foram avisados que a novela tinha uma história central bem forte e que apareceriam mais ou menos em determinado momento. Todos sabem em que barco estão entrando, têm consciência do que é uma novela e sabem a importância que é uma novela fazer sucesso. Estamos fazendo um produto para dar certo e não para dar errado.
Como você avalia a queda de audiência que a TV e as novelas enfrentam atualmente?
WADDINGTON - A queda de audiência vem do mau produto. Não falo mau em relação à qualidade, mas o mau produto para determinado veículo. Às vezes você tem um projeto lindo, bem feito, mas que não chega ao público de uma emissora como a Globo, que tem telespectadores de todas as classes sociais e idades. Mas quando você tem um produto que comunica e chega às pessoas, não existe concorrência. Nem cinema, nem chuva, nem internet e nem Record.
Mas a Record tem elevado sua audiência e segue ao colocar Os Mutantes - Caminhos do Coração para disputar com A Favorita.
WADDINGTON - Eu adoro concorrência. Mas acho que eles vão perder porque tenho uma novela muito boa nas minhas mãos. Acho corajoso da parte deles, mas também acho uma atitude um pouco suicida. Acho incrível a média de audiência que eles conseguem porque na minha opinião a novela é muito ruim. A história é louca, é um trabalho malfeito. Mas há quem goste, para que eles dêem picos de 23 pontos. Eu não faço aquilo, faço outra coisa. Quero dizer que amo o Alexandre Avancini, mas acho a novela muito ruim.
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