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CDP de Mauá está sem médico
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
12/11/2004 | 12:50
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Não há um único médico para atender os 551 presos no CDP de Mauá. A constatação é da Comissão da Pastoral Carcerária e de advogados ligados aos Direitos Humanos. O grupo visitou na quinta o recém-inaugurado CDP do bairro Sertãozinho para verificar as denúncias de maus-tratos feitas pelas famílias dos presos no início da semana. O grupo não confirmou a acusação de que alguns detentos teriam sido espancados. Mas a vistoria serviu para escancarar as fragilidades no setor de saúde do CDP.

“Há uma única profissional no setor, que trabalha como psicóloga e assistente social. Não há um só médico lá dentro para atender os detentos”, afirmou o padre Valdir João Silveira. Na enfermagem, segundo a Pastoral Carcerária, faltam remédios básicos como anestésicos e medicamentos para problemas de estômago e fígado. A Secretaria de Administração Penitenciaária não explicou a ausência de médicos na unidade nem a escassez de medicamentos. O Diário enviou e-mail com diversas perguntas, mas a assessoria de imprensa não se pronunciou a respeito do caos na área de saúde.

A falta de funcionários não é exclusividade da área médica. Após 45 dias de inauguração, os presos não param de chegar, mas o número de contratados não aumenta na mesma velocidade. A capacidade do CDP é de 576 homens e nesta quinta já abrigava 551. Para tomar conta de tanta gente, só havia 30 funcionários na unidade. “Com a falta de funcionários, os presos que chegam das cadeias da região ficam dois ou três dias amontoados na inclusão (cela provisória), onde cabem dez pessoas, mas que acaba abrigando de 20 a 30 detentos”, disse o advogado Ariel de Castro Alves, dos Direitos Humanos.

A Secretaria de Administração Penitenciária afirmou, por meio de sua assessoria, que os novos agentes do CDP estão em curso de preparação para assumir os postos de trabalho na unidade. Procedimento normal, segundo a assessoria.

O CDP de Mauá, inaugurado no fim de setembro, passou pelo seu primeiro motim na última segunda-feira. Os presos foram para as janelas do prédio vertical com lençóis e reclamavam que a comida servida nas refeições não é suficiente, os banhos são frios e não existe visita íntima. No mesmo dia, as suas companheiras foram para frente da unidade prisional para engrossar as reivindicações dos detentos.

Quarta, o secretário estadual de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, disse que os banhos frios são uma norma em todos os CDPs do Estado e que toda comida fornecida para a unidade passa por pesagem. O prato deve ter no mínimo 500g, segundo Furukawa, 50g a mais do marmitex que é servido no outro CDP da região, na Vila Palmares, em Santo André.

A visita íntima é outra reivindicação dos presos, que, segundo a OAB, estava sendo estudada pelo governo do Estado. De acordo com o advogado Ariel de Castro Alves, até esta quinta a direção do CDP não havia recebido ordem da Secretaria para autorizar a visita íntima.

Outra reclamação freqüente é quanto ao pátio de visita, que fica no terraço e não tem cobertura, e conta com apenas um banheiro. O CDP chega a receber 200 pessoas em dias de visita. No último sábado, detentos e familiares se encontraram embaixo de chuva. A Secretaria de Administração Penitenciária divulgou nota oficial na última quarta-feira em que reconhece o problema e afirma estar estudando uma solução.




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