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Morador de rua é queimado vivo em Diadema

Vizinhos arriscaram apagar o fogo com extintores; suspeito fugiu do local e ainda está foragido

Nelson Donato
especial para o Diário
23/06/2015 | 07:07
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Andréa Iseki/DGABC


Um morador de rua foi brutalmente assassinado na Praça Rui Barbosa, no bairro Piraporinha, em Diadema. Ele teve o corpo incendiado e, apesar da mobilização de populares, não resistiu. O crime ocorreu na tarde de domingo.

Segundo testemunhas, Alcides Carneiro do Prado, 60 anos, era divorciado e vivia na rua há 15, por conta de problemas com alcoolismo. Apesar do vício, ele era querido por todos na vizinhança e possuía vários amigos de longa data.

Prado, entretanto, teve uma desavença com outro morador de rua, José Cirino, 55, conhecido como Cigano, na manhã que antecedeu o homicídio e recebeu várias ameaças de morte. Momentos depois, Cigano teria ateado fogo no rival e fugido em seguida.

Funcionários de um estacionamento próximo ainda tentaram salvar a vítima. Eles usaram um extintor para debelar as chamas, porém já era tarde demais. Quando a polícia chegou ao local, encontrou o corpo de Prado carbonizado e já sem vida.

Na moradia improvisada de Cigano, que ficava próxima ao local do assassinato, vários dos seus pertences foram encontrados, inclusive uma foto 3 x 4 do suspeito, assim como sua carteira de trabalho. De acordo com o relatório da polícia, imagens de câmeras de segurança dos estabelecimentos próximos serão usadas nas investigações.

Na manhã de ontem, os sinais da violência ainda eram visíveis. No chão da praça, havia muita cinza, restos de roupas e um chinelo que pertenciam à vitima.

O caso foi registrado no 3º DP (Campanário) e será conduzido pelo Departamento de Homicídios de Diadema. Segundo policiais, as buscas pelo suspeito já foram iniciadas, porém, este continua foragido.

Amigos recolhem pertences e cinzas

Apesar de viver na rua, Alcides Carneiro do Prado tinha muitos amigos que estão indignados com a forma covarde com a qual ele foi assassinado. Na manhã de ontem, muitos deles se reuniram próximos ao local do crime e compartilhavam um misto de comoção e revolta.

Um amigo de Prado, que não quis se identificar, lembra que este sentia orgulho do seu nome. “Ele o dizia em alto e bom som. Falava para todos que passavam aqui e os abençoava. Ainda não acredito no que houve.” Ele também ressalta o perigo que Cigano representava. “Um vez correu atrás de crianças com uma faca, a mesma que usou para ameaçar o Alcides.”

Comovido, o flanelinha Adilson dos Santos Coelho, 47 anos, conta que conhecia Prado há 23 anos, e que conversavam todos os dias. “Era uma pessoa incrível. Construiu a casa para ele e para sua família. Infelizmente o vício o atrapalhou. Mesmo assim, pessoas lhe davam contas para pagar, ofereciam trabalhos temporários, confiavam nele!”

Coelho também foi um dos responsáveis por varrer as cinzas e os pertences do seu amigo. “Nós recolhemos tudo e tiramos daqui da praça. A Prefeitura o abandonou até na hora da morte, pois deixou os restos dele aqui jogados.”
 




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