Nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso ou Gilberto Gil nunca receberam tal honraria e, aqui no país, têm seus trabalhos bem mais comentados do que os do mais representativo compositor surgido nos festivais universitários da década de 70. "Eu nao sou uma personalidade boa de mídia. Eu vivo em funçao da minha música e isso nao é suficiente para freqüentar a mídia", acredita. "As pessoas que gostam do meu trabalho se ressentem, mas acho que a única coisa que devo ser é porta-voz da minha música." 

 A regravaçao de cançoes de Ivan Lins por músicos estrangeiros nao é novidade. O compositor é até considerado por muitos um jazzista, o que ele discorda. "Isso ocorre porque nossa construçao harmônica nao obedece ao que principalmente os norte-americanos chamam de música popular", opina. 

 As pessoas que esperam em A Love Affair - The Music of Ivan Lins sucessos como Madalena, Vitoriosa ou Começar de Novo podem se decepcionar. A homenagem, felizmente, se afasta das obviedades. O grande problema é que adaptar cançoes para outro idioma é complicado. 

 Outro empecilho permanente no álbum sao os arranjos. Ao tentar aproximar cançoes populares de uma sonoridade mais jazzística, o resultado obtido foi artificial. She Walks this Earth, versao para Soberana Rosa, apesar da boa interpretaçao de Sting, foi prejudicada pela má utilizaçao dos teclados. Já em You Moved Me to this, a performance de Lisa Fischer e James "O Train" Williams é mais apropriada para ser apresentada em algum musical da Broadway que num CD. Há boas versoes, como as que ficaram a cargo do New York Voices e Chaka Khan, mas elas nao sustentam o álbum. Ivan Lins merecia uma homenagem melhor.