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Brasil tem mais de 400 mil 'viciados' na Internet
Sérgio Saraiva
Da Redaçao
10/06/2000 | 16:41
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Dar nítida preferência às relaçoes virtuais e demonstrar ansiedade pelo momento de conectar-se à rede mundial de computadores sao alguns dos sinais de uma nova compulsao que começa a ser estudada no Brasil: a dependência pela Internet. O problema pode estar afetando mais de 400 mil internautas brasileiros.

As evidências de que existe esse "uso patológico do computador", forma amena de denominar a doença, foram suficientes para a formaçao de uma equipe de psicólogos da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de Sao Paulo) dedicada ao estudo do tema e ao tratamento dos primeiros pacientes. "Esse é um problema ainda novo e há pouco conhecimento acumulado sobre ele", explicou a psicóloga Rosa Maria Farah, coordenadora do grupo de trabalho formado no Núcleo de Pesquisa de Psicologia em Informática (NPPI) da instituiçao.

De acordo com estudos norte-americanos com 18 mil internautas, 6% deles desenvolveram um quadro de dependência suficientemente avançado para que a Associaçao Americana de Psicólogos adotasse a nova doença com o nome de Internet Addiction Disorder (Desordem de Dependência da Internet). Addiction, ou adiçao, é a mesma palavra que define a dependência de álcool e drogas.

Aplicado no Brasil, o índice norte-americano apontaria a existência de um contingente de 438 mil dependentes para um número estimado de 7,3 milhoes de usuários da rede. Esse número foi fixado em março pela 6ª Pesquisa Ibope Mídia. O trabalho do Ibope já assimilava a explosao provocada pelo surgimento dos provedores de acesso gratuitos.

Sintomas - A quantidade de horas dispendidas pelo internauta na frente do computador é uma das principais pistas do uso excessivo e eventualmente doentio do computador. Mas este sinal pode ser desconsiderado quando o uso se dá em atividades profissionais ou escolares. "Mais do que a quantidade, é a qualidade do uso que vai determinar um sintoma claro da patologia", garantiu Rosa.

Segundo a psicóloga, as primeiras pesquisas demonstram que a doença aparece quando o usuário restringe suas atividades sociais para ficar na frente do computador e dá nítida preferência pelos contatos virtuais em detrimento dos contatos pessoais concretos. Seu agravamento é o descuido com os compromissos profissionais e a perda de saúde. Em geral, o tempo é perdido em salas de conversaçao, em jogos ou pesquisas desnecessárias.

Como em outras dependências, nao se deve esperar da pessoa seduzida pela Internet a percepçao imediata do problema. "Em geral, quem se dá conta primeiro sao as pessoas que convivem com o internauta", disse Rosa. Segundo ela, o possível dependente deve se preocupar bastante se fracassar na tentativa de reduzir o tempo gasto na Internet.

O NPPI nao estuda apenas a navegaçao excessiva. Segundo Rosa, outro distúrbio percebido é o comportamento contrário. Há um contingente expressivo de pessoas que demonstram sofrimento por evitar ou nao conseguir usar os computadores, passando a correr riscos profissionais consideráveis nos dias de hoje.




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