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Riqueza reflete contrastes sociais
André Vieira
William Cardoso
12/03/2009 | 07:00
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São mais do que números o que separa São Caetano de Rio Grande da Serra no ranking do IPRS (Índice Paulista de Responsabilidade Social), da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), divulgado pela Assembleia Legislativa. A distância entre os dois municípios na tabela de classificação do Estado de São Paulo reflete a realidade vivida pelos moradores de cada um dos extremos do Grande ABC.

Única cidade da região classificada no Grupo 4 (baixa riqueza e médio ou baixo desempenho em indicadores sociais), Rio Grande da Serra é uma das últimas do Estado quando se avalia o nível de escolaridade da população. O município está em 629º lugar entre os 645 analisados, um contraponto a São Caetano, que tem a melhor escolaridade do Estado.

Para a diretora de Pesquisa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Maria do Carmo Romeiro, o título de campeão estadual pode ser explicado pela adoção de políticas públicas. "A construção da condição atual vem de muito antes. Lá no passado, São Caetano fez uma opção pela Educação muito antes dos governos determinarem percentuais obrigatórios de investimento público", explicou.

Em longevidade, também ocupa posição bastante inferior à cidade que concentra a maior riqueza da região. Rio Grande é apenas o 305º colocado. Já São Caetano é o único dos sete municípios entre os 100 primeiros do Estado.

O prefeito Adler Kiko Teixeira (PSDB) tem justificativas para o fraco desempenho de sua cidade. "É preciso levar em consideração que o nosso orçamento é o mesmo que o da Câmara de Santo André, por exemplo", afirma.

Com relação a São Caetano, Kiko explica que o município tem uma fixação maior de migrantes, o que pode provocar queda no ranking de desempenho. "Muitos não tiveram oportunidades de instrução e desenvolvimento no local de origem, o que puxa para baixo esse índice. Em São Caetano, a população local está enraizada, e é preciso alto poder aquisitivo para se mudar para lá", diz.

Kiko lembra ainda que a responsabilidade da administração municipal sobre a escolaridade dos moradores é relativa. "Atendemos o Ensino Infantil. A partir daí, são os governos do Estado e federal. Seria muito interessante contar com um campus da UFABC (Universidade Federal do ABC), por exemplo."

Professor do curso de Administração da Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), Domingos Gonçalves acredita que a diferença entre os municípios pode estar no contexto histórico de desenvolvimento.

Impulsionadas pela instalação da indústria automobilística, cidades como Santo André, São Bernardo e São Caetano dinamizaram suas economias.

O professor Gonçalves aponta também o processo de fundação e desenvolvimento dos dois municípios como fundamental para delinear o papel desempenhado por cada um no presente. "São Caetano é uma cidade que desde os anos 1960 tem um relativo grau de industrialização. Parte do que é necessário para atender a sociedade, em infraestrutura e atendimento social, já está pronto, enquanto que Rio Grande da Serra é relativamente mais nova e ainda não possui os mesmos serviços." 




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