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Vítima de estelionato passa 4 dias preso
Bruno Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
09/01/2007 | 23:36
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O técnico clínico Antônio Ramos Santana, 37 anos, passou 120 horas preso após tentar tirar um RG no Poupatempo de São Bernardo. Ele era procurado por tentativa de homicídio contra a esposa, fato que teria ocorrido em 2003 em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. Mas, tudo não passou de um engano. A pessoa responsável pelo crime é outro homem que, durante 12 anos, usou documentos falsos de Antônio.

O técnico vive com a mulher Aumeny Miranda dos Santos, 34 anos, em Mauá, e tem um filho de 10. Já o falso Antônio, cuja origem é desconhecida, casou-se e registrou dois filhos com o nome falso, de Antônio.

Segundo a esposa do falsificador, Maria José da Silva Gomes, 30 anos, ele tentou matá-la após o casal se separar. “Ele chegou em casa no dia 25 de dezembro de 2003 e me esfaqueou. Deu facadas também em uma amiga minha que estava na casa. Sempre sofri muito na mão dele.

Então, prestei queixa, mas não sabia que ele estava com nome falso por todos esses anos”, conta. Desde então, Antônio Ramos Santana, o verdadeiro, consta no sistema da polícia como procurado.

Sem fazer a menor idéia do risco que corria, ele foi ao Poupatempo da cidade, na última quinta-feira, para tirar uma segunda via do documento de identidade. Os funcionários o informaram que ele teria de retirar o RG no dia seguinte e, logo que chegou, foi detido pela polícia. “Lógico que era um engano, eles não tinham como saber”, afirmou.

Quando ligou para casa, a mulher achou que fosse brincadeira. Foi preciso que ele ligasse novamente para que Aumeny acreditasse. Encaminhado para o 1º DP de São Bernardo, os policiais perceberam que havia algo errado e tentaram buscar os envolvidos na tentativa de homicídio.

“Conseguimos achar as vítimas e mostramos fotos a elas”, disse o policial civil André Luiz. Elas não reconheceram o Antônio preso como autor do crime. Mesmo assim, para que ele fosse solto – uma vez que já havia sido emitido o boletim de captura –, era preciso que um juiz emitisse alvará de soltura. Como era fim de semana, o advogado só pode correr atrás da documentação e das cópias autenticadas na segunda-feira. Nesta terça-feira, à tarde, o alvará foi emitido.

A família de Antônio, agora, pretende processar o Estado pelos transtornos causados com a confusão. Já a mulher do criminoso desaparecido continua esperando que seu ex-marido seja encontrado, embora não saiba qual seu verdadeiro nome. Os filhos também não têm pistas do pai. O Poder Judiciário não foi encontrado para comentar o caso.



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