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Refeição na rua impulsiona indústria alimentícia da região
Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
19/03/2005 | 15:27
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Comer fora de casa se transformou em um grande negócio no Grande ABC para as empresas especializadas em comidas prontas. A população da região cada vez mais consome refeições fora de casa, de acordo com dados da Abia (Associação Brasileira da Indústria da Alimentação): enquanto no Brasil 25% da população consome alimentos fora do lar, nas sete cidades o número sobe para 32% e acompanha o consumo dos grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro. Ótimo para pesos-pesados do ramo no Grande ABC, como De Nadai e Pack Food, que vêem no food service um dos principais nichos do mercado alimentício. No ano passado, esse mercado cresceu 15% em relação ao ano anterior em todo país.

O conceito de food service envolve refeições consumidas fora do casa e alimentos prontos, como congelados e comidas entregues via delivery. O ramo é dividido em dois segmentos: o não-comercial, formado por empresas e órgãos governamentais que oferecem almoço ou jantar para os funcionários ou clientes, e o comercial, composto por empresas que têm o objetivo do lucro diretamente no comércio, como bares, restaurantes, lanchonetes e hotéis.

De acordo com o gerente do Departamento de Economia e Estatísticas da Abia, Amilcar Lacerda Almeida, a expansão do food service se deve às mudanças no hábito de consumo da população e à maior participação feminina no mercado de trabalho. “As pessoas cada vez mais querem alimentos rápidos de serem preparados, o que favorece esse setor da indústria. Além disso, as mulheres passaram a consumir mais fora de casa e ter menos tempo para o preparo das refeições”, explica.

Apesar de não existir um número concreto que mostre o quanto o segmento de food service cresceu especificamente no Grande ABC, Almeida acredita que a região tenha acompanhado os números nacionais. “O Grande ABC é uma região com alto poder aquisitivo e o esse segmento do setor alimentício depende muito da renda para se desenvolver”, completa.

A De Nadai, uma das principais empresas do ramo de refeições coletivas, com sede em São Paulo e produção em Santo André, integra o setor não-comercial do food service. A empresa registrou crescimento de 10% a 15% nas vendas em 2004, já que os clientes contrataram mais funcionários, passando para a média de 150 mil serviços (entre café da manhã, almoço e jantar) por dia.

“Acredito que isso tenha relação com o aquecimento da economia verificado no ano passado. Os alimentos congelados que produzimos, também integrantes do segmento de food service, tiveram aumento nas vendas de 20% entre 2003 e 2004. A intenção é expandir a linha de congelados”, afirma o diretor geral da empresa, Fabrício De Nadai. Os congelados produzidos pela empresa são comercializados com a marca de grandes redes supermercadistas, como Coop e Grupo Pão de Açúcar.

A De Nadai foi fundada em 1977 em Santo André, onde até o ano passado mantinha a sede administrativa, transferida para São Paulo. Atualmente, a cozinha central e a área de produção continuam em Santo André. A empresa tem 2 mil funcionários e cerca de 100 clientes, dos quais muitos do Grande ABC, segundo Fabrício. “Para 2005, esperamos um crescimento de 15% tanto em faturamento quanto em produção”, diz.

Outra empresa do segmento não-comercial, a Pack Food, de São Bernardo, também teve crescimento de 10% a 15% em 2004. “Com o crescimento da economia verificado no ano passado, muitas empresas contrataram novos empregados ou passaram a oferecer refeições. Isso fomenta o segmento de food service não-comercial”, avalia o diretor comercial da empresa, Cláudio Volpato.

O volume de vendas do segmento comercial no Grande ABC também subiu. O Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC) estima que o faturamento cresceu por volta de 10% no ano passado. “As refeições feitas fora do lar têm tido influência na abertura de novos negócios. Acho que isso deve expandir muito mais com o aumento da renda dos trabalhadores, ao qual o crescimento do nosso setor está diretamente ligado. Para este ano, projetamos um crescimento de 5% a 6%”, afirma o presidente da entidade, Wilson Bianchi.




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