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Encontro sobre adoção reúne 400
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
28/08/2011 | 07:15
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Autoridade nacional na área de adoção, o promotor de Justiça do Estado do Rio de Janeiro Sávio Renato Bittencourt Soares Silva defendeu ontem à tarde, em Santo André, para plateia de cerca de 400 pessoas, o encurtamento da burocracia e a redução do tempo da criança e do adolescente nos abrigos.

Com presença do prefeito e da vice-prefeita da cidade, Aidan Ravin (PTB) e Dinah Zekcer (PTB), o Grupo de Apoio à Adoção Laços de Ternura, projeto da Feasa (Federação das Entidades Assistenciais de Santo André), comemorou os dez anos de estrada com programação especial e autoridades da área no auditório do Centro Universitário Anhanguera.

Com o tema Adoção: uma escolha para a vida toda, o público, muitos casais jovens ou de mais idade, aprendeu, aplaudiu e se emocionou. E o promotor foi taxativo, com base no parágrafo único, do artigo 101, do Estatuto da Criança e do Adolescente: abrigo é medida provisória e excepcional, "Então, eles não podem passar a infância lá dentro", afirmou, ao fazer a mea culpa também enquanto representante do Ministério Público. Do outro lado, o Judiciário.

Por seguidas vezes, o público interrompeu a palestra do promotor para aplaudi-lo. E Sávio, também pai adotivo, pediu um "basta" para a não transparência dos abrigados. "Não são crianças e adolescentes que mataram ninguém. Por que não podem ter o rosto mostrado e o nome identificado? Tudo no sigilo, quando, na verdade, eles procuram por uma família substituta que lhes dê afeto e amor", apontou.

E lançou um desafio aos juízes, promotores, advogados, defensores públicos, conselheiros tutelares e demais militantes da área: laboratório de seis meses em um abrigo. O representante do MP disse que a proposta é vista por muitos como "ofensiva e desrespeitosa". Mas buscou rapidamente uma alternativa para os que não concordarem. "Abrigue o seu filho por um dia e uma noite." Mais uma vez, o autor do livro Manual do Pai Adotivo foi ovacionado.

Mãe por adoção, psicóloga e mestre em psicologia clínica no Recife, Suzana Sofia Moeller Shettini foi além ao apontar que "atitudes adotivas" têm de ser trabalhadas em qualquer situação. "Na camiseta, no boton, na imprensa..."

A presidente da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção e advogada Maria Bárbara Toledo Andrade e Silva, que também veio especialmente do Rio para o encontro, abordou ainda a questão das crianças que fogem do perfil para adoção: mais velhas, com deficiências e negras.

 

EXEMPLO

Solteiro, 37 anos, jornalista de profissão, garçom e decorador de festas nas horas de folga, morador na terra de Monteiro Lobato, Taubaté, Ederson Ribeiro é pai por adoção e "por amor" de sete filhos, entre 8 e 20 anos. Todos homens.

Diferente da maioria das histórias de adoção, a de Ederson, que começou há quatro anos, encantou e emocionou. Lágrimas pelo rosto de muita gente da plateia, que aplaudiu em pé a família Ribeiro no palco: Jean (8 anos), Bruno (13), Rafael (14), Rodrigo (16), Eduardo (16), Luiz (18) e Anderson (20 anos).

Com a voz embargada, o pai herói deixou o seu recado: "Se alguém aqui pensa em adotar, pare de pensar: adote". Hoje, a família de Ribeiro, unida, se divertirá no Playcenter, em São Paulo.




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