Política Titulo
Governo vai propor penas mais rigorosas contra narcotráfico
Do Diário do Grande ABC
01/12/1999 | 17:04
Compartilhar notícia


O governo vai apresentar nos próximos dias, ao Congresso, projeto de lei tornando mais rigorosas as penalidades para quem participa do crime organizado. O anúncio foi feito nesta quarta-feira pelo ministro da Justiça, José Carlos Dias, na Comissao de Direitos Humanos da Câmara, onde fez uma critica velada à Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico. "É fundamental estabelecer que nao estamos numa guerra, mas numa luta", afirmou Dias. "Por isso temos que garantir as regras democráticas."

Na rápida exposiçao aos parlamentares - alguns integrantes da CPI - sobre as açoes do governo no combate ao narcotráfico, Dias garantiu que o projeto de lei do crime organizado já está sendo concluído por um grupo de juristas, ligados à Comissao Especial que vai alterar o Código Penal Brasileiro (CPB). Entretanto, segundo o ministro, essa proposta será analisada em separado.

O governo propoe ampliar o artigo 288 do CPB - que define o crime de formaçao de quadrilha ou bando - estabelecendo penalidades mais rígidas. Hoje, para este tipo de delito, as penas variam de um a três anos de reclusao. O Ministério da Justiça pretende nao só ampliar a pena, mas também redefinir o artigo, que hoje só considera formaçao de quadrilha a reuniao de mais de três pessoas para cometer um crime.

Outra alteraçao na legislaçao pretendida pelo governo, segundo Dias, será o confisco de terras particulares onde existirem pistas de pouso de uso de narcotraficantes. "Vamos fazer uma Proposta de Emenda Constitucional para acabar com estas pistas e destinar as terras para a reforma agrária", explicou o ministro, ressaltando que hoje estes casos sao mais graves do que o de terras onde há produçao de maconha.

José Carlos Dias lembrou a criaçao pelo governo do Núcleo de Combate à Impunidade, considerando que o grupo só irá atuar em Estados onde os problemas sejam considerados graves. Ele afirmou que o núcleo nao será um entrave para a atuaçao da Polícia Federal. "O grupo funcionará como uma UTI, ou seja, só em emergências", disse Dias.

Criticas - Mesmo ressalvando que suas afirmaçoes nao tinham como endereço a CPI do Narcotráfico, José Carlos Dias criticou alguns excessos cometidos pelos parlamentares. "Jamais poderemos admitir excessos, já que o que está acontecendo aqui (no País) nao é a cópia da operaçao "Maos limpas" da Itália", disse Dias. "Temos que estabelecer regras nítidas, temos que estabelecer as regras democráticas".

Nenhum dos deputados da CPI presentes - Ricardo Noronha (PMDB-DF), Eber Silva (PDT-RJ) e Padre Roque (PT-PR) quis responder ao ministro. Apenas Éber Silva cobrou do governo açoes mais avançadas para quando a CPI terminar seus trabalhos em abril.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;