O PMDB dará ultimato ao prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), na próxima semana para alcançar a indicação do vice na chapa governista. O vice-presidente da República, Michel Temer, se reuniu ontem com o secretário de Gabinete da Prefeitura, Nilson Bonome (PMDB), em São Paulo, pleiteando encontro com o petebista para consolidar, provavelmente na segunda-feira, o rumo do partido na cidade.

A reunião, que estava marcada para hoje, foi antecipada devido à gravação da propaganda do PMDB paulistano, o que agrupou os principais caciques do partido. Em uma hora e meia, o cardeal peemedebista deixou claro que, com o retorno às atividades após a cirurgia de retirada da vesícula, vai colocar em xeque o apoio pela reeleição de Aidan caso não tenha contrapartida de interesse à sigla, seguindo a linha de lançar candidato a prefeito ou a vice em cidades com mais de 200 mil habitantes.

Segundo Bonome, o diálogo entre Temer e Aidan será o divisor de águas para definir o caminho que o PMDB vai adotar na eleição de outubro. "A conversa vai ser no sentido de que, se o prefeito não contemplar o PMDB (com a parceria na chapa), vamos ter candidatura própria ou faremos discussão para ficar na aliança com o PT."

Em função da falta de quadros políticos em Santo André, caso a união não seja selada durante o encontro, o partido tende a aderir à campanha do deputado estadual Carlos Grana (PT) ao Paço.

A forte proximidade de PMDB e PT em âmbito nacional pode pesar no veredicto. O acordo firmado em Brasília que resultou na dobrada vitoriosa de Dilma Rousseff com Temer tem grande chance de ser ampliada para a cidade. Sobretudo porque o pacto acertado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contribuiria para dar capilaridade eleitoral ao seu afilhado político em Santo André, dando, em teoria, condições mais favoráveis para o retorno do PT à Prefeitura que comandou por 16 anos.

Evitando entrar em atrito sobre o assunto, Aidan declarou que está de portas abertas para receber o vice-presidente, a quem considera um "grande parceiro". "Ele (Temer) não precisa nem marcar data para vir aqui. Atendo prontamente à solicitação e, se necessário, vou até o local do encontro. Inclusive, teve meu apoio (em 2010) como vice na eleição." Sobre a postura de Bonome, o chefe do Executivo sustentou que, como integrante do primeiro escalão, "nenhuma ação do secretário é realizada sem a sua anuência". 

INTERVENÇÃO

Por conta do posicionamento do presidente municipal do PMDB, José de Araújo, que, segundo a cúpula paulista, não atende aos interesses do partido, o diretório estadual vai pedir a dissolução da executiva andreense. A intervenção vai ocorrer oficialmente dia 23, com o fim das férias do presidente estadual, Baleia Rossi.

Araújo citou que não tinha conhecimento sobre nenhuma reunião. Porém, ele acredita que não há estudo sobre interferência no diretório devido ao PMDB local ser organizado. "Não vejo motivo algum para dissolução na cidade."