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Morro no Jardim Zaíra, em Mauá, ameaça desabar
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
14/02/2011 | 07:47
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Quem mora em área de risco no Jardim Zaíra, em Mauá, vive com medo da próxima chuva. A situação parece piorar quando a Defesa Civil interdita algum imóvel. Sem condições de alugar moradia, os moradores se espremem na casa de parentes à noite e passam o dia nos lares danificados pela movimentação do solo molhado. O auxílio-aluguel de R$ 300 oferecida pela Prefeitura também não representa uma luz no fim do túnel.

No Zaíra 4, uma viela que sai da Rua Guilherme Polidore dá acesso a um conjunto de casas apoiadas em uma encosta. No alto do barranco, lonas improvisam uma barragem. As famílias contam que há 15 dias, aproximadamente, a Defesa interditou todos os imóveis que apresentam escoriações e trincas. "Mas para onde a gente pode ir?", questiona a doméstica Jossélia de Jesus Santos, 35 anos.

Jossélia, o marido, que está desempregado, e seis filhos habitam um barraco de três cômodos que mesmo aos olhos leigos sinaliza que pode desabar. O medo é constante nos dias de chuva. "Não fico aqui dentro, corro para casa do meu pai. Já tentei alugar outra casa mais segura. Mas ninguém quer fazer contrato para uma família com seis crianças", reclama a doméstica, que conseguiu o auxílio-aluguel da Prefeitura.

Vizinha de Jossélia, a aposentada Laura Silva Cruz, 64, também pede por solução. "Não podemos viver assim. Estou aqui há 10 anos e queria ao menos uma casa pequena para eu mudar com meu marido", pediu a mulher que também foi contemplada com o benefício da administração. Ali, subindo o morro, a fragilidade das casas fica mais evidente comparado aos pequenos deslizamentos que aconteceram. "O barro cobriu todo o barraco de um casal de amigos. Ainda bem que eles estavam trabalhando", relatou a aposentada.

DESESPERO
Seu José Claudino de Holanda, 70, carrega debaixo dos braços a cópia dos documentos pessoais. Há 20 dias, parte da encosta cedeu e a casa em que morava havia 10 anos desmoronou. Restou apenas uma TV de 14 polegadas. "Uma amiga ofereceu um quarto que não tem banheiro. Se não fosse por ela, eu não teria onde dormir", contou. "Já fui na Prefeitura e disseram que eu tenho de alugar uma casa. O problema é conseguir alguma coisa com R$ 300, não tenho como pagar mais", falou seu José, citando o benefício. Ele espera alugar outro abrigo e por isso não larga a cópia dos documentos.

A Prefeitura de Mauá foi procurada ontem e, até o fechamento desta edição, não havia informado o que poderia fazer para minimizar a situação das famílias.




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