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Física e musicologia do violino
Especial para o Diário*
01/03/2010 | 07:00
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Divulgação


Os sons produzidos por um violino tocado com maestria encantam há séculos plateias de todo o mundo. Esses sons também vêm fascinando cientistas não só por sua beleza, mas também por suas características muito especiais.

A acústica do violino é estudada por físicos há muito tempo e continua a ser um desafio. O modo como os sons do instrumento são produzidos, pela vibração de cordas de aço friccionadas pelos fios de crina de cavalo presas a um arco, a transferência dos sons para uma caixa de ressonância que os altera e amplifica, a influência do tipo de madeira usado em cada peça do conjunto e outros aspectos dão ao violino uma complexidade que atrai o interesse de estudiosos e passa desapercebida à maioria.

Os físicos sempre se sentiram cativados pelo instrumento. O alemão Albert Einstein (1879-1955) era violinista e participou de grupos de música de câmara em Berlim (Alemanha) e em Princeton (Estados Unidos).

As cordas e os sons - O violino é constituído de um conjunto de quatro cordas de aço esticadas sobre uma caixa acústica. As cordas são afinadas nas notas, ajustando-se sua tensão com microafinadores. A expressividade do violino pode ser atribuída à existência, nesse instrumento, de um timbre (ou seja, uma característica sonora) específico para cada uma de suas cordas. A mais aguda (mi) é brilhante e incisiva; a segunda corda (lá) sugere doçura e delicadeza; a terceira (ré) tem uma sonoridade profunda, ressonante e melodiosa; e a quarta corda (sol) é grave e imponente.

As cordas são colocadas em vibração pela fricção dos fios de crina de cavalo presos a um arco - peça de madeira longa, de curvatura convexa, que faz com que a tensão das crinas se mantenha inalterada quando quem está tocando o instrumento as pressiona contra as cordas.

Assim, quem toca violino obtém som firme e homogêneo em qualquer parte do arco que esteja, em dado momento, em contato com as cordas.

Para definir as notas, o músico, com o dedo, aperta a corda friccionada contra o braço do violino (denominado espelho). Os violinistas também podem obter sons beliscando as cordas com os dedos e com toques rápidos das crinas ou da madeira do arco.

Riqueza harmônica - Quando uma corda é friccionada por um arco, a oscilação é sustentada por mais tempo, e a relação entre o som fundamental e seus parciais é praticamente harmônica. A forma da onda resultante tem como característica um espectro de som rico em harmônicos. Sons com muitos harmônicos são muito apreciados em música, porque os sentimos como cheios e mais ricos.

No violino, esses harmônicos são afetados pelas vibrações e ressonâncias do cavalete e do corpo do instrumento (incluindo as ressonâncias dos tampos e do ar em seu interior), que reforçam e amplificam as componentes do som com frequências nesses tipos de ressonâncias.

O som do violino, então, resulta da forma de onda originada pela excitação das cordas pelo arco, modulada pelas vibrações e ressonâncias do corpo do violino, de seus tampos e do cavalete, que reforçam os harmônicos, cujas frequências coincidem com as dos modos normais de vibração desses corpos.

O resultado é um espectro de som cujos componentes terão diferentes intensidades, como resultado da influência de todas essas multirressonâncias.

A compreensão da influência dos componentes na extraordinária sonoridade do violino permanece um desafio até os dias de hoje. Fato incontestável é que este instrumento nos instiga tanto na curiosidade artística quanto na necessidade de conhecimento mais profundo a seu respeito.

Mas ainda mais gratificante é apreciar uma peça executada com virtuosismo pelos músicos, que dedicam praticamente toda a vida ao domínio da técnica de execução do instrumento. Vale dedicar alguns momentos do dia para apreciar um violino.

(*Por Alberto Tannús, Deiviti Bruno, Francisco Guimarães, José Pedro Donoso eThiago Corrêa de Freitas)




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