Economia Titulo Crédito mais caro
Selic tem sexta alta consecutiva e chega a 13,75% ao ano

Com elevação de 0,5 ponto percentual, taxa básica de juros atinge maior índice desde 2008

Leone Farias
04/06/2015 | 07:13
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Divulgação


O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou ontem a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, chegando a 13,75% ao ano. Com a alta – a sexta seguida –, o índice alcançou o maior patamar desde dezembro de 2008. A medida, que já era esperada pelo mercado financeiro, tem como objetivo principal conter o avanço da inflação.

A decisão pela elevação foi unânime e levou em conta “o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação”. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – indicador oficial da variação de preços no País – chegou em abril ao acumulado de 8,17% em 12 meses, maior índice desde dezembro de 2003. Segundo o relatório Focus, feito pelo Banco Central, a expectativa do mercado é de que, ao fim do ano, a taxa chegue a 8,39%. A meta do governo para 2015 é de 4,5%, com teto de 6,5%.

Para o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, a decisão pela elevação da taxa visa corrigir erros cometidos pelo Banco Central no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), entre 2011 e 2014, em especial o “descontrole nas contas públicas e na inflação”. “No início do governo Dilma, membros da equipe econômica e do primeiro escalão apareciam em público dizendo que essa gestão tinha a menor taxa de juros da história. Isso é verdade, mas, como consequência, a inflação estava subindo. Houve uso exagerado da política em detrimento de uma economia saudável.”

A Selic rege todas as taxas de juros do País e, quando é elevada, provoca alta em outros índices, como do cartão de crédito e do cheque especial. “Assim, fica mais caro tomar um financiamento, o que faz o consumidor desistir de consumir. Isso reduz a demanda e puxa os preços para baixo”, acrescenta Balistiero.

Já o professor Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, avalia que o aumento dos juros pode aumentar ainda mais os níveis de desemprego. “A elevação na Selic promove transição da atividade produtiva para a financeira. Isso porque os fundos de investimento passam a ser mais rentáveis do que o retorno obtido na indústria, por exemplo”, explica. Com a queda na produção, o setor tende a cortar postos de trabalho, diminuindo a renda da população e provocando reflexo em outros segmentos, como comércio e serviços. 




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