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Corpus Christi, São Paulo antiga, os santos protetores...

Corpus Christi fala de uma promessa aparentemente louca...

Ademir Medici
04/06/2015 | 07:00
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“Corpus Christi fala de uma promessa aparentemente louca. Mas, neste mundo louco, não será mais sensato buscar a aparente loucura que corresponde a nosso coração.”

Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP

A festa do Corpus Christi foi instituída pelo papa Urbano IV em 8 de setembro de 1264.

A procissão desse dia lembra a caminhada do povo de Deus, peregrino, em busca da Terra Prometida.

O Antigo Testamento diz que o povo peregrino foi alimentado com maná, no deserto.

Com a instituição da eucaristia, o povo é alimentado com o próprio corpo de Cristo.

Reservamos o feriado de Corpus Christi para focalizar um dos aspectos mais curiosos e surpreendentes da exposição Barro Paulista, montada no Museu de Arte Sacra de São Paulo. Diz o curador da mostra, professor Dalton Sala, que várias das imagens visitadas expõem os medos dos paulistas. Medo das doenças, dos trovões, das complicações de um parto. Estas informações não estão expostas nem publicadas no rico catálogo editado, mas são focalizadas por Dalton hoje, aqui em Memória.

Ao informar sobre o altar cuja foto tiramos e reproduzimos – uma peça do século 17, trazida da Fazenda do Piraí, da cidade de Itu –, Memória chama a atenção para o ato da eucaristia, citado na abertura. Eucaristia é a missa de todos os dias, do corpo e sangue de Cristo. Um dos sete sacramentos. Ou seja: temos a festa anual de Corpus Christi, cujo objetivo é celebrar o mistério da eucaristia, o sacramento do corpo e do sangue de Jesus Cristo.

E temos a missa cotidiana, no momento sublime em que o celebrante ergue a hóstia que é consagrada e distribuída ao final, como alimento a todos nós.

Mas, vamos aos medos dos paulistas contados no depoimento seguinte do professor. Lembrem-se, estamos na Avenida Tiradentes, em São Paulo, no interior deste mosteiro belíssimo que abriga o Museu de Arte Sacra. Percorremos a exposição, gravador ligado, máquina fotográfica a postos.

Os medos dos paulistas

Depoimento: Dalton Sala

Um dos aspectos bem interessantes desta exposição, que não foi possível publicar por restrição do papel, é que através das imagens você percebe quais eram os medos dos paulistas. São imagens de culto. As pessoas iam a elas e pediam coisas.

Neste altar do século 17 está Santa Bárbara – ou Iansã. Ela é a protetora da casa da pólvora, protege contra os raios, contra os trovões, contra os incêndios, contra as explosões. Os paulistas tinham um estoque de pólvora que os defendia contra os ataques dos indígenas. O grande medo era perder a pólvora numa explosão – por um raio, uma faísca, e o depósito de pólvora iria pelos ares. Estariam vulnerários por meses até chegar os outros barris de pólvora.

A imagem de Santa Bárbara, portanto, condensa provavelmente o maior medo dos paulistas, o medo de uma revolta indígena.

Reza-se a Santa Bárbara, Nossa Senhora do Bom Parto, Santa Luzia.

Santa Luzia protege contra a infecção dos olhos. Imagine um sujeito que vive em São Paulo no século 17. Tem que andar no mato. Não tem nenhum antibiótico, aquela sujeira toda, o risco de um terçol, de uma doença dos olhos, o que significaria para ele. Este, então, é outro medo do paulista: o de perder a visão.

Temos São Cristovão, o que atravessa o rio com o menino, enfrentando as enchentes. O medo que elas representam.

Estas imagens têm toda uma carga cultural e social. À medida que você começa a compreendê-las, elas vão te passando essas histórias: o medo da doença, da explosão, a necessidade da mulher orientar a filha.

Santana é muito importante. Dedicamos a ela um espaço na exposição. Santana representa muito na iconografia paulistana e na portuguesa.

Os homens vão embora. Quem toma conta da casa é a mulher. E não é a casa no sentido de prendas domésticas. A mulher cuida da fazenda. É ela quem cuida dos escravos, dos filhos, das contas, da plantação, enquanto o homem vai com a bandeira caçar no sertão e procurar ouro.

Município Paulista

- Hoje é o aniversário de Porangaba, elevado a município em 1928, quando se separa de Tatuí.

Hoje

- Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão

- Dia do Engenheiro Agrimensor

Diário há 30 anos

Terça-feira, 4 de junho de 1985 – ano 28, nº 5842

Manchete – Ford faz acordo e encerra greve dos metalúrgicos

- Brastemp também fecha entendimentos.

- A greve dos metalúrgicos não alcança dois itens básicos da campanha salarial: trimestralidade e jornada semanal de 40 horas.

Paranapiacaba – Simpósio aprova propostas para a lei de solo.

- Uma aula ao ar livre de Aziz Ab’Saber, professor da USP.

- A presença do professor Modesto Carvalhosa, presidente do Condephaat – o conselho de preservação histórico-cultural do Estado.

- Ab’Saber e Carvalhosa afirmam que não se deve promover o crescimento exagerado da Vila de Paranapiacaba.

Diário – A seção de quadrinhos ganha o personagem Gênio Val, de autoria do cartunista Fernando Moretti.

Acidente – Avião cai em Paranapiacaba. Quatro morrem. Eram todos da região e são sepultados em São Caetano.

Em 4 de junho de...

1915 – Criada uma nova sociedade recreativa em Ribeirão Pires. Imparcial Clube. Formam na diretoria: dr. Agenor Silveira, Anacleto Gallo, José da Costa Miranda, Francisco Paino e Antonio Pereira de Figueiredo.

- A guerra. Do noticiário do Estadão: ‘O êxito do ataque do dirigível italiano a Pola e dos destroyers a Monfalcone’.

1930 – Acidente em Ribeirão Pires: ao entrar na cidade, Maximino Perdiz atropela, com o seu animal, o sexagenário João Gomes, gravemente ferido e que morre no dia seguinte.

- Política nacional no final da República velha. Do noticiário do Estadão: ‘Nova vitória das forças legais sobre os cangaceiros’.

1950 – TV Tupi faz a primeira transmissão experimental no Brasil, em São Paulo. Como símbolo, o pequeno índio, a perpetuar-se pelas décadas seguintes como uma das marcas dos Diários e Emissoras Associadas, obra de Assis Chateaubriand, o Rei Chatô.

1955 – Na Semana Eucarística Diocesana em Santo André, a palestra A eucaristia na história dos papas, proferida pelo professor Francisco Plinio Lima; encenado o martírio de São Tarcisio.

1965 – Lei municipal altera o nome de Arraial Santo Antônio para Jardim Santo Antônio, no Subdistrito de Utinga, em Santo André.

1975 – Mara Cristina Serrano, do Clube Atlético Aramaçan, de Santo André, convocada para a Seleção Paulista de Natação. É a única nadadora lembrada do Grande ABC.

- Ariovaldo Alves dos Santos eleito presidente do Lions Mauá.

Santos do dia

- Daciano

- Quintino

- Saturnina

- Filippo Smaldone
 




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