No rastro da proibiçao, na semana passada, pela Justiça Federal em Minas da comercializaçao e distribuiçao em todo o território nacional de seis diferentes aparelhos de vídeo game que exaltam a violência, a Procuradoria da República no estado deverá acionar o Ministério da Justiça pedindo providências contra a exibiçao do desenho animado South Park, veiculado pelo canal de TV a cabo Multishow.

O South Park é anunciado como programaçao para adultos, mas é veiculado em horário diurno apesar do conteúdo impróprio para crianças, com episódios que exploram especialmente comportamentos e práticas sexuais nao convencionais.

A açao está sendo estudada pelo procurador Fernando Almeida Martins, estimulado pelo vereador da capital mineira Betinho Duarte (PSB), responsáveis pela açao contra o Ministério da Justiça, que acabou por determinar a proibiçao dos aparelhos de vídeo game. Nesta sexta, a juíza federal Cláudia Maria Rezende Neves Guimaraes determinou que os games Doom Postal, Mortal Kombat, Requiem, Blood e Duke Nukem sejam retirados do mercado e tenham a comercializaçao proibida.

A juíza decidiu ainda exigir do Ministério da Justiça critérios de classificaçao para todos os jogos eletrônicos disponíveis no Brasil. Em sua sentença na açao civil pública, a juíza acata os argumentos que definem os vídeos como nefastos à formaçao de crianças e adolescentes. ``Se as crianças e adolescentes passam horas do seu dia diante de jogos violentos, num mundo virtual onde vence quem matar mais, é forçoso reconhecer, ou ao menos presumir, que tais vídeos assassinos afetam diretamente a estrutura psicológica dos mesmos, distorcendo valores socialmente exaltados', afirma Cláudia Guimaraes.

De acordo com Fernando Martins, o Ministério da Justiça terá 10 dias para recorrer da sentença, mas ele nao acredita que isso ocorrerá porque decisoes semelhantes já foram tomadas pelo próprio Ministério. Uma nova açao civil pública está sendo estudada por ele, também a pedido de Betinho Duarte. O alvo agora é o desenho animado South Park, exibido à meia-noite de domingo, às 21h30 na terça-feira e às 15h de quarta-feira, no Multishow. Com títulos apelativos, os episódios do South Park adotam temas exdrúxulos, de caráter ofensivo e fora dos padroes socialmente aceitos.

O episódio ``Cartman ganha sonda anal', descrito pela revista Herói 2000 - vendida nas bancas de jornais - revela o teor do desenho que o vereador quer combater: ``Depois de ser abduzido por aliens, Cartman (o personagem central) passa a ter pesadelos terríveis com vacas sendo mutiladas. O que o gorducho nao sabe é que os extraterrestres haviam implantado uma sonda anal nele'.

Outros títulos do desenho invocam, segundo Duarte, o conteúdo impróprio para crianças, portanto inadequado para exibiçao em horários nos quais as crianças sao o principal alvo das emissoras de TV. No episódio ``A mae de Cartman é uma vagabunda suja', descreve a revista Herói 2000, o herói ``quer saber quem é seu pai verdadeiro. No entanto, descobre o que toda a cidade já sabia, que sua mae é uma tremenda vadia'.

O vereador anexará ao seu pedido à Procuradoria da República o episódio em que os bonecos do South Park armam uma arapuca para as suas maes, para que elas possam ser contaminadas com o vírus da Aids.

Estórias com temas sexuais sao uma tônica do South Park, que tem ainda títulos como ``Um elefante faz amor com um porco' e ``O amante de frangos', em que um oficial tenta descobrir quem é o maníaco sexual que violenta galinhas no parque.