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Travestis voltam a ocupar Av. Índico
Bruno Ribeiro
João Guimarães
Do Diário do Grande ABC
01/04/2008 | 07:12
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Com o fim da operação da Cavalaria da Polícia Militar para coibir a prostituição na Avenida Índico, Jardim do Mar, em São Bernardo, os travestis voltaram a ocupar as calçadas da área. Em outubro do ano passado, os moradores da região chegaram a comemorar o fim da situação que já durava 20 anos.

 Segundo alguns moradores que não quiseram se identificar, a situação hoje piorou. “Agora veio a classe mais baixa de travestis. Eles ficam completamente nus pelas ruas e fazem muito barulho.”

 Os programas são feitos sem muita preocupação com a vizinhança. “Já flagrei um cliente transando com o travesti em cima de uma moto”, disse uma moradora.

AGRESSÕES

 Do outro lado, os travestis confirmam que o “afrouxamento” do policiamento foi decisivo para a volta da prostituição. Segundo eles, no período em que a tropa especial da Polícia Militar esteve na avenida, cresceram os casos de espancamento de travestis praticados por policiais. “Teve uma vez que parou uma viatura e desceram quatro policiais. Eles nem gritaram ‘sai daqui.’ Já chegaram batendo”, conta Yasmim, 25 anos, que faz ponto na área há seis. Ele exibe uma marca nas costelas que seria de uma agressão ocorrida há duas semanas.

 Colegas do travesti confirmam a história e fazem uma acusação mais grave. “A cavalaria só saiu depois que quebraram as duas pernas de um travesti que ficava aqui. Ela estava no alto de uma mureta e eles a derrubaram com socos. Fomos reclamar na Ouvidoria. Depois, eles se foram”, conta outro travesti, que pediu para não ter o nome revelado.

 Consultados, funcionários da Ouvidoria realizaram um levantamento no setor de atendimentos e não encontraram nenhum arquivo relacionado às reclamações. Sobre as agressões, os moradores são enfáticos. “Elas se machucam porque brigam entre elas”, disse uma moradora. “Estou aqui há vinte anos e nunca vi a polícia batendo nelas”, completou.

 No período de repressão mais intensa, os travestis afirmam que migraram para a Avenida Industrial, em Santo André, outra área conhecida por essa atividade. “Mas lá dá muito moleque. Eles atiram ovo, pedra. Aqui é mais tranqüilo”, diz um travesti.

 Alguns dos travestis dizem compreender o incômodo que causam aos moradores da região. “Têm umas de nós que deveriam ter bom senso. Estamos ao lado de uma igreja, a rua é cheia de casas. Não dá para ficar pelada por aí igual umas ficam”, disse outro travesti. Mas, para ele, nada justifica a forma violenta como a PM teria agido para expulsá-los.

POLICIAMENTO

 O coronel do 6º Batalhão da Polícia Militar de São Bernardo, Edson Sardano, afirmou que não houve um “afrouxamento” da ronda como afirmam moradores e travestis. “Nós não abandonamos. Quando destacamos a cavalaria para o local conseguimos equacionar a situação”, afirmou. “Um problema resolvido ou reduzido a números aceitáveis nos leva a incentivar o policiamento em outras áreas”, disse.




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